O preço médio da borracha natural SMR 20, a mais utilizada pela indústria de pneumáticos, encerrou o mês de junho cotada a 143,20 US$ cents o quilo na Malaysian Rubber Exchange, valor que reflete baixa de 6,44% ante o fechamento do mês de maio e expressivo recuo de 34,30% ante o preço médio da commodity negociada em janeiro deste ano.
Outro dado relevante é que em uma base mais ampla de comparação, de 10 anos, os preços da SMR 20 hoje refletem o segundo pior no período, acima apenas do registrado em junho do ano passado.
Especificamente em junho deste ano, a commodity chegou a bater na mínima de 138,75 US$ cents o quilo na primeira semana do mês, registrando-se um ciclo de recuperação até a máxima do período, atingida, justamente, nesta sexta-feira, 30, de 154,00 US$ cents o quilo. Ou seja, uma evolução de 10,99% em apenas 14 dias.
Essa evolução vai continuar? O que a motivou?
Em primeiro lugar é necessário dizer que os mercados de negociação da borracha natural são de extrema volatilidade, reféns de estoques especulativos oriundos de negociantes chineses, japoneses e coreanos em sua grande maioria.
Em segundo, os grandes produtores asiáticos também tratam a commodity como uma ferramenta de pressão constante, evidentemente, sempre buscando o melhor preço.
Em terceiro, a borracha natural, assim como qualquer outra commodity ou ativo de mercado financeiro não se prende apenas ao contexto da oferta e da procura, mas a elementos que a ligam ao comportamento de outros ativos, como é o caso do petróleo (nafta), que dá origem a borracha sintética que é outro insumo até mais usado pela indústria de pneumáticos na construção de seus pneus.
A evolução de 10,99% registrada nos últimos 14 dias de junho tem a ver exatamente com a espiral de evolução dos preços do petróleo – que chegaram a subir 2% no mesmo período, um elemento que também está associado à valorização da cesta de moedas de países-chave na Ásia, como as moedas da China e Japão.
A própria Associação dos Países Produtores de Borracha Natural (ANRPC) alerta ao mercado sobre a vulnerabilidade dos preços da borracha natural aos comportamentos dos preços do petróleo, cesta de moedas, estoques especulativos, ou situações geopolíticas como conflitos bélicos (Coreia do Sul x EUA) ou ajustes de condução monetária, como uma possível revisão dos juros pelo Banco Central dos Estados Unidos, o FED.
A ANRPC, por seu lado, também tem forte influência nesse contexto, uma vez que reduziu a previsão de oferta de borracha natural de 12,771 milhões de toneladas para 12,756 milhões de toneladas. Mas diferentemente dos achismos do mercado, a ANRPC se baseia, por exemplo, na redução da colheita pelos agricultores nesse final de plantio, em que pese aumentos de 35,3% na colheita do Cambodja e 20,2% na Índia.
A decisão do governo tailandês, o maior produtor de borracha natural do mundo, de destinar um programa de empréstimos de US$ 295 milhões aos produtores locais com o objetivo de ajudar as cooperativas a estabilizar a queda dos preços pelos próximos três anos, também ajuda no contexto de formação dos preços mais ou menos justos para o insumo, hoje e no futuro.
O preço posto para dezembro na Tokyo Commodity Exchange (TOCOM), o maior e mais líquido mercado de borracha natural da Ásia, aponta para um preço de US$ 1,78 o quilo da commodity para entrega em dezembro.
Em Shangai (China), contratos para entrega em setembro estão a US$ 1,924 a tonelada e na Sicom de Singapura, a US$ 1,20 o quilo para julho.
Por outro lado, a Rubber Trade Association of Japan informa que o nível de estoques de borracha bruta nos portos japoneses está 5,8% acima do normal, em 4.999 toneladas.
Ressalvados maiores dissabores, a tendência é que a súbita alta de preços registrada no terceiro trimestre do ano passado, que provocou ajustes sucessivas em preços de pneus ao redor do mundo, não venha a acontecer novamente.
Comportamento dos preços da SMR 20 sobre junho de 2016 e 2015
Junho de 2017 contra junho de 2016 = alta de 12,6%
Junho de 2017 contra junho de 2015 = baixa de 9,2%