Os números projetados pelo Banco Central do Brasil, – apurados junto a executivos e especialistas do setor financeiro nacional – mostram que o nível de atividade vem se acelerando junto a indústria e prestação de serviços, em detrimento de forte recuo no setor agropecuário.
No terceiro trimestre de 2017, o PIB Agropecuário exibe desempenho chinês, com expansão de 8,60%, mas projeta 3,32% neste quarto trimestre, ou seja, uma perda de dinamismo de 5,28 pontos percentuais.
É desnecessário dizer que o segmento é o carro-chefe da economia, já contribuiu, está contribuindo e continuará ajudando para o fim do ciclo de baixa do nível de atividade nacional, mas os números mostram que está havendo substancial perda de dinamismo no campo.
As relações trimestrais de desempenhos projetados apontam que o setor continua sendo digno de aposta das ações empresariais, comerciais e negociais, porém, o dinamismo de crescimento visto em 2017 não será o mesmo em 2018, conforme mostram os números abaixo:
PIB | 3º tri/17 | 4º tri/17 | 1º tri/18 | 2º tri/18 | 3º tri/18 | 4º tri/18 |
Agropecuária | 8,60 | 3,32 | 2,50 | 1,50 | 4,60 | 4,84 |
Indústria | 0,52 | 1,90 | 2,37 | 3,43 | 3,41 | 3,68 |
Serviços | 0,40 | 1,37 | 1,75 | 1,43 | 1,83 | 1,94 |
Total | 1,10 | 1,94 | 2,00 | 2,50 | 2,70 | 3,00 |
Na relação anual, o PIB Agropecuário poderá encerrar 2017 com um de seus melhores desempenhos históricos, com os números projetados pelo Banco Central do Brasil exibindo expansão de dois dígitos, de 11,65%, um resultado que mais do que compensa um PIB Industrial negativo de 0,24% e zerado em Prestação de Serviços.
É possível dizer que o setor agropecuário carregou o Brasil nas costas em 2017, mas não vai carregá-lo em 2018, conforme pode ser observado nos dados anuais abaixo.
PIB | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 |
Agropecuária | 11,65 | 2,48 | 3,00 | 3,50 | 3,50 |
Indústria | -0,24 | 3,33 | 2,50 | 2,50 | 2,50 |
Serviços | 0,00 | 1,87 | 2,50 | 2,50 | 2,50 |
Total | 0,73 | 2,50 | 2,50 | 2,50 | 2,50 |
O planejamento estratégico de curto e médio prazo – no Brasil não dá para pensar mais que 12 meses adiante, principalmente tendo um calendário eleitoral em 2018 -, deve ser ajustado de forma a incorporar uma tendência declinante da força do agronegócio e melhoria substancial dos setores industrial e de serviços.
Dê uma olhada na relação trimestral de desempenho do PIB – para tentar medir o curtíssimo prazo – e se tem uma performance cadente da agropecuária entre o terceiro trimestre de 2017 até o segundo trimestre de 2018.
No mesmo período, o desempenho da indústria entrará em ritmo de fortalecimento crescente, com o prestador de serviços correndo atrás.
No mercado financeiro há uma máxima na qual você nunca deve colocar todos os ovos em uma cesta só. Portanto, os números aos quais estamos nos referindo aqui passam a indicar que o ideal é começar a mesclar as ações e negócios entre os três segmentos citados. Um pouco em agro, um pouco na indústria e um pouco no de serviços.
Recessão? Acabou. Ciclo positivo de expansão? Sim. Há fatores e dissabores no meio do caminho? Com certeza, principalmente a agenda das eleições x a agenda da Lava Jato x a agenda das reformas x um quadro externo de commodities que pode não ser tão benéfico ao Brasil como está sendo neste ano.
Hoje, pela manhã, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles falou a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) e pontuou algumas linhas de ação, entre elas uma revisão da atual projeção de crescimento da economia em 2018, hoje de 2% para 3%.
A mediana das projeções do PIB apuradas pelo BCB apontam para 2018 uma expansão de 2,50%, sendo 3,00% no 4º trimestre de 2018.
Para chegar lá, o PIB da Agropecuária deveria registrar expansão de 4,84%, o da Indústria 3,68% e o de Serviços 1,94%. Ou seja, os dados já estão alinhados, basta apenas que a equipe econômica consolide o caminho para que isso se torne real e objetivo, conforme mostra a tabela de projeções da autoridade monetária.
“Vamos fazer uma revisão proximamente, mas não me surpreenderia se estiver acima de 3% de crescimento para o ano de 2018”, disse o ministro à Agência Brasil.
“Voltamos a crescer e agora de uma maneira forte e consistente. Atravessamos a maior recessão da nossa história e uma crise dessa profundidade tem os seus efeitos que se prolongam por algum tempo”, afirmou.
Acrescentou também que a população pode ainda não perceber, por ainda haver “grande número de desempregados”. Entretanto, o desemprego está diminuindo.
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