Desse total, as fábricas instaladas no país exportaram a soma de US$ 420,9 milhões, ante importações realizadas por importadores independentes e também pelas fábricas nacionais de US$ 358 milhões, representando um saldo positivo de US$ 62,9 milhões no período.
Esses dados fazem parte de levantamento realizado na base de informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e apontam, em linhas gerais, para um desempenho muito positivo da indústria brasileira de pneus, em que pesem problemas em algumas linhas de produtos.
Nesse quesito, ou o mercado interno não tem produção em escala ideal para competir de igual para igual com os fabricantes estrangeiros, ou simplesmente é um segmento onde 100% dos pneus utilizados vêm do exterior.
O Brasil não exportou absolutamente nada nessa linha de produtos nos primeiros três meses do ano e importou US$ 24,4 milhões em pneus para Dumpers no período.
A indústria nacional também se mostra completamente alijada de competitividade no segmento de pneus para bicicletas – exportou US$ 252,4 mil e importou US$ 5,96 milhões.
Alguns motivos básicos podem explicar esse súbito avanço das exportações nesses que representam o grande filão da indústria, além de ensejar um maior grau de disputa com os importadores.
Três motivos estão ligados a iniciativas do governo brasileiro: a movimentação dos empresários para por fim à Guerra dos Portos, o lançamento da Operação Maré Vermelha, pela Receita Federal, e as mudanças promovidas na taxa de câmbio, que visam retirar um pouco do peso do real frente à moeda norte-americana, dando maior competitividade aos produtos brasileiros nesse turbilhão de crise que varre o mundo.
Portanto, mudanças de legislação de um lado, somadas ao combate de irregularidades de outro, acrescidas de uma taxa de câmbio em elevação, podem ter levado os importadores a tirar um pouco o pé do acelerador.
Outros motivos, ligados aos condicionantes da economia brasileira também podem explicar o avanço das exportações sobre as importações neste momento.
Um dos mais fortes é a hecatombe registrada na produção de caminhões pelas montadoras nacionais neste primeiro trimestre, queda de 32,5% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, em que pese um aumento de 7% nas exportações.
Essa questão mexe com a indústria de pneus na medida em que a demanda interna cai, arrefecida um pouco pelas exportações de pesados em alta, mas de qualquer forma motiva os fabricantes de pneus a irem à luta por novos mercados no setor externo – um deles, os Estados Unidos que apresentou aumento de 41% na produção de caminhões neste ano.
Não é mera coincidência que esse país figura entre os principais destinos de pneus exportados pelo Brasil no período.
O impacto do acordo automotivo fechado entre o Brasil e o México é outro fator que deve sem destacado, mas que só deve ter efeito sobre a indústria nacional de pneus e os importadores no médio prazo.