*por Jomar Napoleão
Se olharmos com mais atenção para as grandes montadoras e sistemistas localizados no Brasil veremos que as empresas que estão no País há mais tempo desenvolveram equipes de engenharia com grande capacidade de desempenho e geração de produtos inovadores.
Esse movimento parece óbvio e natural, mas foram necessários muitos anos de dedicação, treinamento e adaptações de plataformas às precárias condições de nossas vias para que as empresas conseguissem integrar seu desenvolvimento ao sistema global das corporações, e assim receber das matrizes sinal verde para desenvolver veículos globais a partir de laboratórios brasileiros.
Exemplos locais de montadoras brasileiras que evoluíram para a situação de poder desenvolver projetos globais não faltam. E é promissora a expectativa para o setor sob a nova política industrial de exigências – investimentos em P&D, inovação, mais aquisições de materiais locais para a produção, domínio de atividades fabris, adesão ao programa de etiquetagem veicular do Inmetro, melhoria substancial da economicidade de combustíveis, etc – e contrapartidas – reduções no IPI – trazidas pelo Inovar-Auto.
Os desafios dessa empreitada que pode tornar a produção brasileira mais competitiva e global são enormes, mas a indústria automotiva local não parte do zero. Tem experiência sem paralelo no mundo em combustíveis alternativos aos derivados de petróleo, coisa que certamente lhe será útil na redução de emissões veiculares e para avanços significativos em termos de eficiência energética.
Além de metas a cumprir para habilitação ao Inovar-Auto até 2017, quando acaba a vigência do programa, e para a renovação dessa chancela a cada 12 meses, outras preocupações certamente ocupam o universo da cadeia automotiva brasileira. E a pergunta que não quer calar é: – Quais serão as implicações sobre os rumos da indústria automobilística brasileira com tantos fatores em jogo? E sobre a dinâmica atual de suas engenharias?
O momento é delicado e o debate faz-se útil e necessário. Por isso convidamos especialistas de montadoras e sistemistas locais para contar suas experiências e discutir o tema no Painel de Veículos Leves do Congresso SAE de 2013. O futuro se faz agora.
Jomar Napoleão é diretor do comitê de Veículos Leves do Congresso SAE BRASIL 2013