*Por Roberto Bastian
Quando fui eleito presidente do Congresso SAE BRASIL 2013, pensei na temática que deveria permear o evento deste ano. Precisávamos eleger o mais crucial dos temas no emaranhado de desafios lançados sobre a engenharia, seja pelo mercado, pela concorrência, pelo custo Brasil e as novas regras locais do jogo da competitividade, pelas mudanças de rumo das economias local e estrangeira e até por questões relacionadas à mobilidade nas grandes cidades.
Concluí que a falta de engenheiros qualificados para a indústria automotiva brasileira, que já nos põe distantes da realidade que o País começa a exigir, e com certa urgência, poderia ser o tema a ser debatido durante o Congresso SAE BRASIL 2013.
Sim, faltam engenheiros e falta qualificação, e a indústria nacional já se depara com o desafio de seguir na trilha da competição internacional baseada nos sistemas de informação instantânea do mundo globalizado, que tem provocado uma verdadeira revolução no setor industrial e nos padrões de competitividade conhecidos.
Em um cenário como esse, em que transformar conhecimento em competitividade é questão de sobrevivência, investir na modernização dos sistemas produtivos não é o bastante. É preciso que o capital humano seja capaz de produzir novos conhecimentos, em outras palavras, de gerar inovação.
Com o emprego batendo recordes e os gargalos na educação do País, esse assunto se reveste de importância ainda maior. Pesquisa da Fundação Dom Cabral com executivos de empresas de grande porte em nível nacional, recentemente divulgada, revelou que 92% deles tem dificuldade em contratar pessoas preparadas para os cargos oferecidos.
Os principais obstáculos apontados foram: escassez de profissionais capacitados (81%); falta de experiência na função (49%); e eficiência na formação básica (42%). Faço coro com o Professor Paulo Resende, responsável pela pesquisa, quando declara que, em longo prazo, tudo isso pode corroer a competitividade e o nível de produtividade da economia brasileira.
No que toca à indústria da mobilidade, essa bem poderia ser a deixa para que currículos universitários sejam repensados e se traduzam em uma via de mão dupla entre a teoria acadêmica e a prática industrial. Oxalá essa ação venha um dia a se tornar realidade, no bojo da materialização de politicas capazes de padronizar as nossas universidades em patamares elevados de formação para a competitividade.
E que essas politicas sejam eficientes o bastante para suplantar os efeitos da histórica falta de prioridade do Brasil na educação e seus avanços na dinâmica dos tempos. As nossas universidades, historicamente constituídas como polos de cultura e conhecimento, poderão se transformar em canais eficientes de geração fértil de projetos tecnológicos avançados, de patentes, e de disseminação da engenharia da mobilidade. E a educação brasileira necessita revolucionar a gestão dos recursos disponíveis e quem sabe amplia-los e popularizá-los.
A SAE tem como missão a promoção, avanço e disseminação do conhecimento da mobilidade, por meio da formação, desenvolvimento e interação entre profissionais da área, e o Congresso cumpre parcialmente com este objetivo.
*Roberto Bastian é presidente do Congresso SAE BRASIL 2013