Por Iêda Maria Alves de Oliveira (*)
O BRT (Bus Rapid Transit) já é sucesso em todo mundo e faz parte das histórias bem-sucedidas brasileiras. Em 1979, Curitiba criou o primeiro sistema nacional com corredores segregados para ônibus, com estações onde o passageiro paga antes de entrar no veículo, acelerando o embarque e desembarque dos usuários.
De lá para cá, cada vez mais cresce a demanda por transporte público eficiente, principalmente nas grandes cidades. E isso vem garantindo a expansão do BRT: um sistema que já beneficia 29 milhões de passageiros todos os dias em 163 cidades do mundo, segundo aponta relatório da EMBARQ, um programa de planejamento e transporte urbano sustentável do World Resources Institute
O estudo é um importante balizador das soluções para o transporte público, principalmente nas grandes cidades. O relatório da EMBARQ – realizado em Bogotá, Cidade do México, Joanesburgo e Istambul – revela que os usuários podem economizar milhões de horas de tempo de viagem utilizando o BRT.
Em Istambul, por exemplo, os passageiros economizam 28 dias por ano com a redução do tempo de viagem. Já em Bogotá, a economia prevista é de aproximadamente US$ 288 milhão, com a redução de acidentes e mortes entre 1998 e 2017.
O C-40, que reúne líderes de grandes cidades do mundo para discutir e criar medidas contra as mudanças climáticas, também vem pesquisando a implantação dos BRTs. O estudo da instituição revela que 29 cidades, das 59 pesquisadas, iniciaram esquemas de BRT em 2013, contra 13 que tinham começado em 2011.
Investir em transporte público de qualidade muda os indicadores ambientais, sociais e econômicos de um município. A população brasileira já foi às ruas clamando aperfeiçoamentos no setor e quer medidas urgentes para melhorar o ir e vir do trabalho. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Akatu valida a urgência dessas demandas e aponta a avaliação dos cidadãos sobre o setor.
Levantamento nas nove maiores capitais do Brasil, com 15,8 milhões de usuários do transporte público por dia, mostra que as dificuldades nos transporte reduz em 5% a produtividade do trabalhador. Na maior cidade da América Latina, o trânsito e os problemas de mobilidade urbana lideram os motivos de insatisfação, com nota 3,9.
A pesquisa faz parte da 5ª. Edição do IRBEM (Índices de Referência de Bem-Estar no Município) e tem como parâmetros notas de 0 a 10. Além do desconforto e dos problemas de mobilidade, os congestionamentos na capital paulista geram custos de R$ 50 bilhões por ano, aponta o economista Marcos Cintra, da Fundação Getúlio Vargas.
O BRT caminha como uma solução para as grandes cidades brasileiras. O sistema tem ainda custos muito mais atrativos em relação aos outros modais conforme mostra levantamento da rede C-40. O quilômetro de construção do Metrô varia de US$ 100 a US$ 350 milhões. Já o BRT, os custos variam de US$ 0,5 milhões a US$ 15 milhões por quilômetro.
O sistema de transporte público no país precisa avançar a passos largos para atender à crescente demanda da população. O brasileiro está cansando de ir e vir do trabalho em condições precárias e difíceis. É o momento de proporcionar maior dignidade a quem tanto constrói a riqueza do nosso país.
Iêda Maria Alves de Oliveira é gerente da Eletra, empresa brasileira pioneira em tecnologia para tração elétrica e híbrida para ônibus.