*Por Iêda Maria Alves de Oliveira
São Paulo nunca para, mas anda cada vez mais devagar. Precisamos correr contra o tempo para criar soluções que melhorem a mobilidade urbana e reduzam a emissão de poluentes no ar. E pensar que, no passado, fomos muito mais sustentáveis, em um tempo em que “sustentabilidade” nem fazia parte dos ideais do cidadão dessa metrópole.
No início do século XX, a capital paulista contava com 227 quilômetros de trilhos para veículos movidos a tração elétrica, os charmosos bondes. A cidade ainda foi pioneira na implantação de trólebus, em 1949.
Hoje, os bondes deram lugar aos trólebus, que atendem 11 linhas e transportam 2,4 milhões de passageiros por mês na capital paulista. No total, a cidade conta atualmente com 192 trólebus e outros 60 novos veículos deverão ser integrados à frota municipal ainda este ano; a maioria com tecnologia que garante 7 km de percurso sem rede aérea, eliminando as ocorrências de problemas no trânsito. No mundo, os trólebus também ganham novo fôlego e já são 40 mil veículos percorrendo as vias de 350 cidades.
As futuras soluções para o transporte público devem necessariamente passar por adoção de veículos cada vez menos poluentes. Uma legislação da capital paulista já decretou o fim dos ônibus movidos a diesel até 2018. A Lei quer combater uma das principais fontes de poluição na cidade: os transportes respondem por mais de 60% das emissões totais no município.
Os veículos elétricos despontam como solução ideal para o transporte além de apresentar custo operacional até 75% menor, comparados com os ônibus a diesel convencionais. Os dados fazem parte do resultado do teste com veículos de diferentes tecnologias em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Santiago (Chile) e Bogotá (Colômbia).
A pesquisa ocorreu entre junho de 2011 e outubro de 2012 e foi desenvolvida pela Fundação Clinton, a rede C40 (Grupo Cidades Líderes pelo Clima) e o Banco Interamericano (BID).
As preocupações com as mudanças climáticas fazem cada vez mais a indústria buscar soluções, principalmente na área de transporte. Um dos ideais do setor é a produção de veículos de transporte público 100% elétricos.
O produto eliminaria a fiação aérea, um dos pontos criticados para a implantação dos trólebus. As empresas já pesquisam novas baterias que possam dar conta das necessidades de um ônibus elétrico.
Acreditamos que, muito em breve, vamos chegar a um modelo que garanta a possibilidade de transcorrer vários quilômetros sem a necessidade de recarga. A segurança é outro quesito para o uso de baterias, que devem suportar eventuais acidentes sem provocar qualquer risco para os passageiros.
Acreditamos que, em breve, estaremos aptos a oferecer esse tipo de tecnologia para os passageiros brasileiros. Nosso próximo desafio é colocar em testes, ainda neste ano, o primeiro veículo articulado (18 metros) totalmente elétrico no Corredor ABD.
O empreendimento é resultado da parceria entre Eletra e Mitsubishi e deverá resultar na criação de um ônibus com capacidade para percorrer 60 quilômetros sem a necessidade de reabastecimento elétrico e com recargas nos terminais que elevam a autonomia diária para 210 km. As pessoas merecem respirar com tranquilidade.
*Iêda Maria Alves de Oliveira é gerente da Eletra, empresa brasileira pioneira em tecnologia para tração elétrica e híbrida para ônibus.