Por Osni Roman *
Empresas de todos os segmentos se preocupam cada vez mais com a sustentabilidade investindo milhões nas mais diversas iniciativas e, na maior parte do tempo, esquecem de que ações simples e de baixo custo também devem ser incorporadas na estratégia por trazerem alto retorno sustentável.
No caso dos operadores logísticos, mais precisamente da atividade de transporte de carga, a instalação de equipamentos aerodinâmicos nos veículos ou carretas é uma ação que contribui para o menor gasto de combustível e, consequentemente, reduz a emissão de gases nocivos ao ambiente.
A solução traz também benefícios aos motoristas, que durante as operações sofrem menos com os ruídos gerados durante as viagens e são beneficiados com uma maior estabilidade das carretas, garantindo mais segurança não somente aos condutores, mas para todos os usuários das rodovias.
Ou seja, é ambientalmente, socialmente e economicamente sustentável.
Um dos acessórios mais empregados atualmente é o defletor de ar. Embora o mercado não trabalhe com dados exatos, estimativas apontam para uma economia de 10% no consumo de combustível com o uso deste equipamento – número que pode variar de acordo com o peso da carga transportada, com as condições mecânicas do veículo e com as dimensões do baú.
A grande vantagem deste defletor é que ele ajuda o veículo a vencer a força do arrasto, eliminando as áreas de refluxo de ar na parte inferior ou superior da cabine.
Para que se possa ter ideia dos ganhos, segundo informações do INEE (Instituto Nacional de Eficiência Energética), em velocidades de 80 km/h (ou mais), aproximadamente 70% da potência do motor do caminhão é utilizada apenas para romper a força do arrasto.
De acordo com o departamento de engenharia aeronáutica da USP de São Carlos (SP), se uma grande transportadora colocar defletores em todos os veículos de sua frota, ao final de um ano é possível adquirir um caminhão novo somente com a economia de combustível gerada. Um investimento baixo e com rápido retorno.
O mercado de equipamentos aerodinâmicos está crescendo no Brasil, mas na Europa, eles já são amplamente utilizados, apresentando excelentes resultados às transportadoras e comumente integrando o rol de acessórios aplicados nas frotas.
Enquanto isso, o mercado nacional tem procurado ofertar opções diferenciadas: além do tradicional defletor, os painéis de acabamento aerodinâmico nas laterais das carretas também já são vistos com maior frequência. Esses, por sua vez, contribuem com uma melhoria de 8% (aproximadamente) na resistência do ar.
Já o recém-chegado difusor de teto traseiro está em fase de testes. No próximo ano os resultados devem ser apresentados ao setor e, então, o equipamento será disponibilizado para venda.
Com base nos testes realizados na Europa, a expectativa é que contribua para uma economia de 3% a 4% no consumo de combustível, além de proporcionar a redução da turbulência, diminuição do efeito spray na parte traseira do semirreboque em dias chuvosos e a redução da projeção de neblina e poeira em condições meteorológicas adversas.
Ou seja, os operadores têm nas mãos mais uma valiosa ferramenta para a sustentabilidade, cuja aplicação oportuniza importantes diferenciais na gestão e na produtividade da frota, propiciando, além da redução dos custos operacionais, a colaboração com o meio ambiente e com a sociedade.
Tudo de forma fácil e com um baixo investimento. Portanto, está mais que na hora dos provedores de soluções logísticas apostarem nas parcerias, unindo forças para alavancar este mercado e trazer para o setor todos os benefícios que os equipamentos aerodinâmicos podem oferecer.
*Osni Roman é presidente da Coopercarga.