* Por Maurício Martins e Ugo Ibusuki
O mercado automotivo brasileiro passa por mudança radical, com previsões que apontam para a queda brutal de vendas de 20% em 2016 na comparação com 2015 e de 40% ante o pico de vendas em 2013.
Premida pelas novas demandas do consumidor e pelas regras do regime automotivo, previstas no Inovar-Auto, que prevê metas de eficiência energética, de segurança veicular, e localização de conteúdo, a indústria vem reagindo com investimentos no Brasil em patamares nunca vistos anteriormente.
O resultado imediato foi, por um lado, uma capacidade instalada de até 5 milhões de veículos, e por outro, a entrada de veículos com tecnologia compatível a dos países desenvolvidos, com motores eficientes e modelos de última geração além do segmento ‘premium’.
No cenário de demanda retraída devido à crise econômica brasileira, a cadeia automotiva amarga ociosidade acima de 50%, forçando a uma busca por novos mercados de exportação. Isso demonstra a necessidade de o Brasil rever sua estratégia de comércio exterior, visto que, até então, estava focado na demanda interna e nas regras de conteúdo local, na implicação da taxa de câmbio e nas barreiras à importação.
Ora, a busca por exportação exige competitividade, com adequação do supply chain e diferenciação tecnológica em comparação com outros players do mercado mundial.
A revisão da estratégia do supply chain na indústria automotiva brasileira é mais que necessária para sua integração na cadeia global de valor e para a exploração do diferencial em tecnologias nas quais podemos obter vantagem competitiva, como por exemplo, motores a combustíveis alternativos (etanol, biodiesel, GNV) ou até mesmo em veículos elétricos e autônomos, segmentos em que a corrida tecnológica está apenas começando.
Para tanto precisamos da definição de uma nova política industrial e de tecnologia automotiva, focando no futuro posicionamento da cadeia automotiva brasileira em âmbito mundial.
O que as empresas devem fazer para recuperar a competitividade local?
Como atrair novos investimentos em um mercado retraído?
Como viabilizar a escala para nacionalização de tecnologias futuras de mobilidade?
Como estruturar uma nova política que possa apoiar essa revolução do setor automotivo brasileiro?
As repostas a essas questões e a geração de estratégias e modelos de negócio que favoreçam a aquisição no Brasil de tecnologias para a mobilidade do futuro, em cooperação com Engenharia, Compras e Fornecedores no desenvolvimento de produtos, são o foco do Painel Supply Chain do 25º Congresso e Mostra Internacionais SAE BRASIL de Tecnologia da Mobilidade, que será realizado de 25 a 27 de outubro, no Expo Center Norte, em São Paulo.
* Maurício Martins e Ugo Ibusuki coordenam o Painel Supply Chain do Congresso SAE BRASIL 2016