Por Guilherme Heinz*
A preocupação global com o desenvolvimento sustentável se consolida cada vez mais nos governos, empresas e sociedade. Para a indústria da mobilidade esse fato se traduz em uma pressão ainda maior sobre sua parcela de responsabilidade na redução dos impactos ambientais e sociais do crescimento econômico.
Daí decorre o desafio para o setor no desenvolvimento de produtos, serviços e processos produtivos que atendam aos três pilares da sustentabilidade – o econômico, o ambiental e o social. No pilar econômico, cabe à indústria automobilística assegurar sua competitividade pelo desenvolvimento de produtos avançados, adequados ao mercado, e de baixo custo, gerando assim lucro, impostos e empregos.
No pilar ambiental, avançar continuamente na redução de impactos ambientais de produtos e processos ao longo de seu ciclo de vida, tendo em vista a saúde do ar, da água e do solo das cidades onde opera, bem como a preservação de recursos naturais e de energia. No pilar social, combater o trabalho infantil e o trabalho forçado em toda a da cadeia de valor, garantindo condições de trabalho com integridade, diversidade, mobilidade e segurança nas empresas.
E a engenharia brasileira se coloca no centro das questões da sustentabilidade, pois reconhece seu papel na geração da inovação tecnológica revolucionária que criará soluções para a consecução dos novos padrões de produção, e dos produtos requisitados pela mobilidade sustentável. Mais que dispostos, estamos prontos para fazer a mobilidade andar no ritmo sustentável de que a sociedade precisa nestes dias de saturação.
Pertencemos a um setor industrial que faz produtos de alta complexidade para consumidores exigentes e bem informados. Não por acaso a cada dia nos especializamos mais em respostas rápidas e eficientes para as necessidades deles, e fazemos isso há muito tempo. Que o digam o biocombustível etanol (1979), hoje usado em aeronaves, como o avião agrícola Ipanema da Embraer; os veículos flex (2003) que perfazem hoje 40% do total da frota nacional, e soluções tecnológicas aplicadas aos veículos em atendimento ao Proconve, que hoje emitem 28 vezes menos poluentes que em 1980, entre outros tantos avanços.
Neste tempo em que a consciência da importância do desenvolvimento sustentável se dissemina, há muito mais que fazer. Atenção, foco e prioridade para as questões da sustentabilidade devem permear a nova postura dos engenheiros e as estratégias de quem quer ser competitivo tanto quanto os aspectos econômicos.
Dentro dessa visão, um desafio adicional se apresenta – a necessidade de profissionais capacitados para o desenvolvimento de projetos com foco sustentável, que sejam capazes de identificar, priorizar e solucionar as demandas ambientais e sociais.
Uma tarefa que hoje poderia ser considerada urgente para as escolas de engenharia. Cuidar da capacitação de futuros engenheiros para um mundo novo, adicionando sustentabilidade como conhecimento transversal às grades curriculares tradicionais, a exemplo do que já é praticado por algumas escolas de administração e negócios.
Todos esses aspectos estarão na pauta de discussões do painel “Os desafios do setor da mobilidade na inovação para a sustentabilidade” que será realizado no Congresso SAE BRASIL 2013, em outubro.
* Guilherme Heinz é diretor do Comitê de Sustentabilidade do Congresso SAE BRASIL e gerente do Laboratório de Materiais e Gestão Ambiental da Mercedes-Benz