Por Eduardo Meirelles*
Há alguns anos já se ouve falar do RFID, tecnologia de Identificação por Radiofreqüência. O projeto de implantação da tecnologia no Brasil foi criado através de um acordo entre o Ministério da Ciência e Tecnologia, a Receita Federal e os Estados da União e visa realizar, dentro de um padrão único, a identificação, rastreamento e autenticação de mercadorias em produção e circulação pelo país.
Mas existem diversas perguntas que precisam ser respondidas sobre o projeto. Uma delas é: O projeto, que já está em testes, vai deslanchar? Como através do sistema será possível realizar um controle fiscal mais rígido é bem provável que deslanche e mais rápido do que imaginamos, já que sabemos que processos que possuem interesses do estado envolvidos caminham muito mais rápido. O governo, inclusive, alega que com maior controle fiscal haverá menos sonegação, a arrecadação será maior e, automaticamente, as taxas de impostos devem baixar. Será?
Uma segunda questão é como esse projeto pode beneficiar a sociedade. Um dos pontos levantados é a redução de impostos em mercadorias, como já citado anteriormente. Essa tecnologia possibilitará também um controle sanitário maior sobre produtos fiscalizados pela ANVISA, ou seja, nada de produtos estragados ou vencidos nas prateleiras dos mercados. E por fim, os sistemas de cobrança automáticos dos pedágios serão integrados aos portais e permitirão a cobrança de pedágio por quilometro percorrido, ao invés do sistema de praças com valores fixos.
Para os empresários considerados “honestos” de acordo com a lei, ou seja, que não sonegam impostos, haverá uma competição mais justa, já que seu concorrente pagará as mesmas taxas e assim não terá como oferecer um produto mais barato que o dele. Sabemos que os impostos no Brasil são altíssimos, mas se optar em empreender neste país deve-se seguir as leis do mesmo.
Empresas de gestão de risco e de controle de logística terão uma ferramenta a mais para o controle das frotas e das cargas. A infraestrutura dos mais de 10.000 portais que serão instalados nas principais estradas do Brasil poderá ser utilizada por empresas que tenham interesse em controlar de forma mais ampla sua mercadoria, frota e cargas em geral. O impacto será imenso já que os portais serão passagem obrigatória de todos os caminhões que passarem pelas principais rodovias do país.
Sair do papel o projeto já saiu. As cinco áreas que são identificação de veículos, crédito de ICMS, infra estrutura de portais nas vias, desenvolvimento e integração de tags ID, já estão em desenvolvimento. A única dúvida que resta é quando entrará em operação para efetivamente ser um sistema auxiliar no gerenciamento de frotas e controle da distribuição das cargas e também funcionar como uma plataforma tecnológica para o gerenciamento dos riscos nas operações logísticas que poderão ser homologadas pelas seguradoras.
Eduardo Meirelles – Pós-graduado em engenharia de segurança pela UFRJ, Eduardo já participou da elaboração de normas técnicas relativas à proteção do meio ambiente pela ABNT, foi sócio diretor de uma empresa da área de logística. E atualmente ocupa a Gerencia de Pesquisas & Desenvolvimento da 3T Systems.