Por José Alberto Panzan
A implementação e avanço da tecnologia de veículos elétricos no Brasil despertam, cada dia mais, o interesse do Transporte Rodoviário de Cargas (TRC). A Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) deu autorização, no dia 09 de março deste ano, aos primeiros caminhões de grande porte movidos a eletricidade a rodar no Brasil.
O uso desta tecnologia traz benefícios significativos à sustentabilidade, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa (GEE) e diminuindo a dependência de combustíveis fósseis.
Apesar dos visíveis pontos positivos que a eletrificação de veículos proporciona, é necessário que o país incentive a popularização da tecnologia e invista em infraestrutura para que o setor consiga trabalhar com eficiência e sem danos à cadeia logística.
De acordo com dados de março de 2024 da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), atualmente o Brasil possui cerca de 4.600 pontos de recarga para veículos elétricos.
Segundo José Alberto Panzan, diretor da Anacirema Transportes e presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Campinas e Região (SINDICAMP), uma série de melhorias são necessárias para que o transporte rodoviário de cargas elétrico se torne mais viável no Brasil.
“Acredito que a implantação de estações de recarga rápida em pontos estratégicos ao longo de corredores logísticos e o desenvolvimento e implantação de redes elétricas inteligentes são pontos essenciais para o pleno funcionamento da atividade”.
Outro obstáculo que a falta de infraestrutura dos pontos de recarga causa diz respeito à utilização dos caminhões elétricos de pequeno porte. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e a ABVE constatam que da totalidade de eletropostos no Brasil, um terço deles fica no Estado de São Paulo.
Essa situação restringe as transportadoras a adotarem somente operações urbanas ou intermunicipais e também dificulta a adoção de estratégias para investir na tecnologia.
“Atualmente a Anacirema possui um veículo elétrico, porém, temos o projeto de incrementar com mais quatro unidades. O problema não é somente a pouca infraestrutura de pontos de carregamentos, mas também o tempo de recarga do veículo. Os pontos de carregamento de veículos elétricos priorizam os automóveis”, afirma Panzan.
De acordo com o diretor da Anacirema, a aquisição desses veículos reforça o compromisso da transportadora com o meio ambiente e a sustentabilidade, mas que ajustes precisam ser feitos para que a viabilidade da operação seja plena. “Algo que seria muito positivo para o setor seria a redução da carga tributária para a aquisição desses veículos. Além disso, a liberação para circulação nas áreas centrais dos municípios também faria muita diferença na logística”.
Uma das saídas que o governo federal pode oferecer para a questão é a aprovação do Projeto de Lei 392/2023, que dispõe sobre a obrigatoriedade de que postos de abastecimento tenham pontos de recarga de carros elétricos. O PL está atualmente em tramitação no senado e a matéria está com a relatora Senadora Eliziane Gama (PSD/MA).
José Alberto Panzan – é graduado em engenharia mecânica pela Universidade Paulista e possui MBA em gestão estratégica pela FGV. Desde 2014, atua como presidente do Sindicato das Empresas de Transporte e Cargas de Campinas (Sindicamp) e diretor operacional da Anacirema Transportes, empresa localizada na cidade de Americana (próxima a Campinas, SP) e especializada no transporte de cargas de lotação de ponto a ponto.
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