O monitoramento de diversas variáveis permite definir o momento adequado para reparação ou recapagem ou até para a troca definitiva do pneu
Fonte: Fapesp
O gasto com pneus está entre o segundo e terceiro maior custo do setor de transporte de carga e de passageiro. A adoção de boas práticas de administração de pneus, no entanto, pode proporcionar um ganho de vida útil de até 30% desse ativo e economia de até 3% no consumo de diesel, além de combater fraudes, reduzir o impacto ambiental e ampliar o nível de segurança da frota de veículos.
O monitoramento de diversas variáveis permite definir o momento adequado para reparação ou recapagem ou até para a troca definitiva do pneu, afirma o engenheiro mecânico e matemático José Caruso Gomes, um dos proprietários da Saveway, empresa de Campinas que desenvolveu um sistema de gestão de pneus por meio de identificação por radiofrequência (RFID, do inglês radio frequency identification), com o apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP.
O sistema permite coletar, registrar e monitorar informações sobre as características do pneu consideradas essenciais para entender seu desempenho, possibilitando à empresa adotar medidas para otimizar seu uso e ampliar sua vida útil por meio, por exemplo, do rastreamento preciso e da adequação da calibragem dos pneus, o que leva à redução do consumo de combustível e da emissão de CO2, entre outros benefícios.
No sistema criado pela Saveway – o Savetyre – cada pneu recebe uma etiqueta eletrônica (tag), dotada de tecnologia RFID, com um identificador único, criptografado, que eleva exponencialmente o grau de segurança do controle desse patrimônio.
Segundo Gomes, no Brasil e em outros países do mundo, a principal fraude observada na gestão de pneus é o roubo dentro das empresas. Os controles manuais e o sistema de identificação por marcação de fogo propiciam que pneus novos, recém-marcados, sejam trocados por pneus “meia-vida” ou em piores condições. Na fraude, os pneus velhos são marcados com a mesma numeração dos novos que, por sua vez, são comercializados ilegalmente no mercado paralelo. “Com a instalação do chip nos pneus, eles passam a ter uma identidade única e a ser controlados periodicamente de forma automatizada pelas empresas”, explicou o sócio.
A tag RFID da Saveway permite que o sistema se comunique com o pneu por meio de uma antena RFID – equipamento portátil, ergonômico e robusto –, com o caminhão e com as áreas de estocagem de pneus.
Um outro equipamento que compõe o Savetyre® automatiza a coleta das medidas de profundidade de sulcos e de pressão de calibragem de cada pneu.
As informações coletadas são armazenadas no Coletor de Dados e posteriormente descarregadas no banco de dados da empresa. Ali, as informações podem ser utilizadas para uma administração mais eficiente da frota, auxiliando nas tomadas de decisão e manutenção preventiva.
Software customizados
Gomes destaca como ponto alto do Savetyre o software de gestão, que é a interface principal com o gestor da frota.
“É um módulo de indicadores de desembolso e benchmarking, que fornece indicadores e relatórios gerenciais sobre histórico de operações, avaliações de desempenho, expectativa de vida dos pneus, consumo de banda por quilômetro, adequação das pressões de calibração, além de um comparativo de marcas de pneus e de bandas de recapagem. Em paralelo, a interface ainda conta com um sistema de alertas automáticos para o gestor. E como a diversidade é muito grande na operação logística, o software é customizado para cada segmento de transporte.”
Outra característica destacada por Gomes é que o sistema reduz em 85% o tempo de coleta dos dados em relação aos métodos manuais convencionais.
Para efeito de comparação, uma vistoria para coleta manual de dados em um caminhão “truck” com 10 pneus levaria cerca de 40 minutos considerando um cenário ideal – pneus limpos, área iluminada, caminhão sobre poço de serviço para fácil acesso aos pneus internos, entre outros. “Com o Savetyre®, a coleta dos mesmos dados, em condições reais – barro, poeira, chuva, de madrugada, por exemplo – levaria sete minutos”, disse.
Além disso, segundo Gomes, alguns fatores controlados pelo Savetyre, como controle de pressão, ajuste de pneus instalados em pares, ajuste de alinhamento, entre outros, promovem um aumento de até 30% na vida útil dos pneus.
O monitoramento de informações aponta oportunidades de melhorias, redução de custo, entre outros benefícios. Mas quem realiza as atividades de correção, manutenção e a prevenção apontadas pelo sistema é a equipe da transportadora ou da frota, ressalva Gomes.
A Saveway foi criada oficialmente em agosto de 2008, com recursos e sede próprios, especificamente para o desenvolvimento do Savetyre®. A versão atual do Savetyre foi lançada no mercado brasileiro em meados de 2015.
Os sócios-fundadores – Gomes e Antonio João Moreno, economista pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas – tiveram a formação acadêmica e a experiência profissional alicerçadas na indústria automobilística.
À medida que ampliaram o contato com frotistas começaram a ter dimensão da dificuldade na administração de pneus de carga nas médias e grandes empresas. Decidiram então fazer um mapeamento detalhado para identificar os processos que agregariam valor à gestão dos pneus.
Um dos desafios iniciais que motivou a submissão do primeiro projeto de pesquisa ao PIPE da FAPESP, em 2008, foi o desenvolvimento de uma tag RFID resistente a toda a vida útil do pneu, suas reconstruções e manutenção. Ela deveria fazer parte da carcaça do pneu, sem possibilidade de remoção, clonagem ou substituição.
O segundo desafio – a automação da coleta de dados necessários para a gestão do pneu ao longo de sua vida – também foi superado com apoio do PIPE.
Em um terceiro projeto apoiado pela FAPESP, a Saveway adicionou aos sensores um sistema de inteligência de negócios (Business Intelligence) que é responsável pelo processamento dos dados e apresentação em relatórios gerenciais para o usuário final.
Atualmente com uma equipe de 14 pessoas – 12 engenheiros de diferentes especialidades (eletrônica, computação, mecânica, entre outras) e dois profissionais com formação em administração de empresas, ciências contábeis e economia –, a Saveway se consolidou como desenvolvedora de soluções simples e econômicas que auxiliam o cliente a resolver situações que hoje não estão sob controle.
Internacionalização
À medida que evoluiu a concepção do produto, os sócios perceberam que a necessidade de gestão de pneus era demanda mundial. “Isso nos levou a um desenvolvimento de novo projeto de arquitetura para a integração do sistema que nos permitisse escalar para novos mercados.
Hoje a Saveway está com seis processos de depósito de propriedade intelectual não só em alguns países-membro do Mercosul, mas também nos EUA e na Comunidade Europeia”, contou Gomes. Segundo ele, nos últimos meses, a Saveway tem sido contatada por empresas do Canadá, EUA, Espanha, Porto Rico e Argentina.
De acordo com Gomes, um dos apoios mais importantes para desbravar esses novos mercados foi conquistado recentemente, em novembro de 2016, com a aprovação de projeto na modalidade PIPE/PAPPE Subvenção, uma parceria entre a FAPESP e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Segundo Gomes, o Savetyre está em constante evolução e os próximos cinco anos serão ainda de grande esforço de desenvolvimento tecnológico.
“O Savetyre rompe os paradigmas da visão tradicional de administração de pneus. A FAPESP, por meio do programa PIPE, é uma grande incentivadora de nossas iniciativas. Sem o PIPE este desenvolvimento seria muito mais complexo.”
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Saveway
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Contato: contato@saveway.com.br
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