A audiência pública patrocinada pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, acerca da política de preço de combustíveis adotada no país teve uma constatação bastante óbvia: os aumentos frequentes beneficiam apenas a Petrobras.
Pelo lado das transportadoras, a constatação de que os sucessivos reajustes afetam a composição do preço dos fretes, componente crucial para a definição da margem operacional, e, com fortes reflexos sobre os preços do produtos transportados.
Pelo lado dos representantes de postos, o pedido de livre condição de compra, em uma alusão à necessidade de aumento da concorrência – algo bastante difícil em um mercado monopolizado pela Petrobras.
Já a Petrobras manifestou-se apontando que as variações de preços são pequenas, apontando para a composição da malha de tributos que afetam a composição dos preços. A estatal reforçou que os preços do insumo dependem da variação de preços internacionais – e que os mesmos estão bastante pressionados por fatores externos.
Nesse aspecto, pressionam os preços internacionais do insumo a sorte de dissabores que passam pela instabilidade das relações comerciais entre a China e os Estados Unidos e as relações diplomáticas entre o Governo Trump e os governos do Oriente Médio, além das questões políticas que envolvem a Venezuela – todas regiões produtoras de petróleo.
Um sinal de que os ânimos estão bastante exaltados no momento pode ser visto pelo manifesto divulgado nesta tarde de quarta-feira, pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), apontando que as questões externas e a alta carga de tributos não podem sufocar os transportadores brasileiros.
Além de dizer que a Petrobras mente, a CNT relacionou oito pontos relevantes para a questão, conforme segue abaixo:
- A política de preços adotada pela Petrobras em suas refinarias, que acompanha a alta das cotações internacionais do petróleo, é uma medida desproporcional pois ela tem custos internos e não internacionais.
- Transportadores não podem responder pela ineficiência da Petrobras e pela corrupção que ocorreu na estatal.
- Países autossufientes na produção de petróleo praticam preços do óleo diesel mais baratos.
- Em comparação a outros países que possuem perfil similar ao desenvolvimento econômico brasileiro, como Rússia e México, o preço do óleo diesel no Brasil é superior. O óleo diesel cobrado no Brasil é, em média, 15% superior ao cobrado nos Estados Unidos, sendo que a renda média neste país é 6 vezes maior que a do brasileiro.
- A política de preços de combustível deve considerar as condições econômicas do Brasil.
- Esta política equivocada e desastrosa não poderia ter sido implantada em pior momento para o setor transportador, que ainda luta para superar as perdas da forte recessão econômica.
- Os sucessivos aumentos do óleo diesel comprometem com mais intensidade o transporte rodoviário, que responde pelo tráfego de 90% dos passageiros e por mais de 60% da movimentação de bens e produtos no Brasil.
- A solução apresentada, até o momento pelo governo, em nada contribuirá para garantir as condições mínimas de operação do transporte rodoviário de cargas e passageiros no país. A retirada da CIDE sobre o óleo diesel terá impacto irrisório no preço final do combustível.
Em que pese o rumo e o teor das discussões, a estatal de petróleo, que se nega a mudar sua política de preços para os combustiveis, quebrou a regra e promoveu hoje uma nova rodada de baixa de preços.
Anunciou pelo segundo dia consecutivo corte de preços. A partir desta quinta-feira, 24, o preço da gasolina cairá 0,62% e custará R$ 2,0306 o litro e o preço do diesel terá redução de 1,15% e passará a custar R$ 2,3083.
Em dois dias, as quedas acumuladas chegam a 2,69% para a gasolina e a 2,67% para o diesel. Apesar disso, a gasolina acumula altas de 12,95%, em maio, e de 16,76% em um mês. O diesel soma aumentos de 9,34%, em maio, e de 15,16% em um mês.
Da Redação da Transportepress com Agência Brasil