Para quem acha que os preços internacionais da borracha tendem a um preço de equilíbrio na série das próximas semanas, meses e até anos, prepare-se.
Há uma sorte de variáveis que estão em jogo no momento, dentre elas uma onda de pressão que deve se tornar mais latente nas próximas semanas, com a entrada da estação de inverno na Tailândia, o maior produtor do mundo, cuja quebra da ‘safra’ digamos assim, pode acarretar em recuo de até 50% na oferta do insumo, segundo apontam as agências internacionais asiáticas e europeias que cobrem diariamente a formação dos preços da commodity nos mercados asiáticos.
Outra pressão vem da queda de braço entre os maiores consumidores do insumo no mundo, dentre eles a China, a Índia e o Japão, tendo no quintal do Sudeste Asiático os principais fornecedores do insumo, tais como o Vietnã, a Indonésia, a Tailândia e a Malásia.
Nesse caso, os estoques de borracha natural da China, o maior consumidor individual, estão ditando as regras e o ritmo da formação dos atuais preços da borracha natural.
Reticentes – e com razão – em relação à alta de preço da matéria-prima, os chineses tem entrado no mercado apenas para repor seus estoques, o que está travando aquilo que os analistas de mercado chamam de liquidez.
Como o giro de negócios é curto, a demanda estreita não dinamiza a oferta retesada dos produtores e o mercado fica sem rumo, travado, à sorte de dissabores como a quebra de safra tailandesa.
Informações relatadas pela Bloomberg na semana passada, uma das maiores agências de notícias do mundo, aponta que a escassez momentânea de borracha natural pode representar um potencial avanço de até 28% nos preços da commodity negociada no mercado futuro de Tóquio (Japão), representando um risco de elevação de custos para os três maiores produtores de pneus do mundo: a Bridgestone, Michelin e Goodyear, aponta a agência norte-americana de notícias.
Mais que isso, de 80 matérias-primas monitoradas pela Bloomberg diariamente, a segunda maior alta do ano fica com a borracha natural.
Levantamento feito sobre a borracha SMR20 (Standard Malaysian Rubber), mostra que entre 30 de dezembro de 2011 a 23 de março de 2012 o preço médio subiu 12,28%, cotada a 372.46 centavos de dólar por quilo, ou 1,119.50 sen por quilo (centavos de ringgit por quilo).
Não sem razão, dentro da estratégia dos fabricantes globais de pneus está hoje a política de formação de preços, com destaques para empresas que já anunciaram reajustes de preços em seus pneus neste ano, entre elas a Bridgestone, Yokohama, Goodyear, China Manufactures Alliance, Falken, Continental, Toyo, sendo que a Hankook deve se integrar ao grupo, pois avalia a possibilidade de reajustes preços em até 5% neste ano.
A erosão da margem líquida frente ao peso de 70% das matérias-primas na confecção de pneus é um receio que vem crescendo no coração do setor. Segundo a Automotive Tyre Manufacturers Association (ATMA), só a borracha natural já está com um peso de 45% sobre o custo total do pneu, em relação às demais matérias-primas usadas para sua confecção.