Amazon e o Google podem entrar no segmento de seguros? O tema foi uma das conclusões do World Insurance Report 2018 (WIR ou Relatório Mundial de Seguros), concebido pela Capgemini em colaboração com a Efma, que entrevistou segurados e empresas de 20 países, entre eles o Brasil.
O eixo dorsal do estudo aponta como as seguradoras tradicionais estão atrasadas na comparação com seus pares bancários no atendimento às demandas dos clientes, deixando-os “vulneráveis” aos concorrentes não tradicionais – como Amazon e Google.
Outro ponto é se as seguradoras são capazes de melhorar sua agilidade digital e desenvolver modelos operacionais prontos para o futuro,se terão a oportunidade de atrair e reter clientes para competir com essa disrupção.
“O uso de dados e a capacidade de oferecer uma experiência ao cliente verdadeiramente digital são fatores críticos para a seguradora do futuro, algo no qual grandes empresas de tecnologia, como a Amazon e o Google, se destacam. A ameaça de concorrentes com esse perfil é mais real do que a indústria de seguros está disposta a admitir”, afirma Anirban Bose, Head da Unidade de Negócios Estratégicos Globais de Serviços Financeiros da Capgemini e Membro do Conselho Executivo do Grupo Capgemini.
Para Anirban Bose “as seguradoras, avaliadoras de risco por natureza, devem urgentemente voltar o seu olhar para si mesmas e considerar os riscos competitivos dentro de seu próprio mercado, a fim de evoluir e sobreviver”, diz.
Dentre as constatações do Relatório Mundial de Seguros está o fato de que as grandes organizações multinacionais de tecnologia, representadas pelas BigTechs, estão se preparando para estabelecer presença no setor de seguros se apropriando de sua reputação de excelência na experiência com seus usuários.
Os dados apontam que 29,5% dos consumidores afirmaram que considerariam comprar pelo menos um produto de seguro de uma BigTech, o que representa um aumento de 12 pontos percentuais em relação a 2015, quando apenas 17,5% dos segurados indicaram essa disposição.
A Geração Y e os “tech-savvy” parecem estar mais inclinados a abandonar a fidelidade às seguradoras tradicionais.
Esses clientes citam experiências não tão positivas com as empresas tradicionais, mas também revelam uma maior probabilidade de trocar de seguradora em 12 meses e estão mais abertos à compra de produtos de seguro das BigTech.
O desafio da tecnologia
Tecnologia e agilidade digital são sinônimos dos desafios que o setor de seguros precisa enfrentar – e muitas soluções prementes na atualidade resvalam no escopo da disrupção do negócio.
“Disrupções motivadas por fatores de mercado, tanto tecnológicos como organizacionais, juntamente com as ambições das BigTechs, estão tornando a adoção de modelos de operação digitalmente ágeis uma necessidade”, aponta o relatório.
O documento também destaca que as InsurTechs – novas empresas de seguros que se pautam em inovações tecnológicas para concentrar eficiências e atrair segmentos específicos de clientes -, estão liderando o caminho da agilidade digital.
“Nesse sentido, a colaboração entre as seguradoras tradicionais e as InsurTechs é essencial para obter mais eficiência e diminuição dos custos a partir das capacidades digitais em todo o segmento”, aponta Anirban Bose.
De acordo com o World Insurance Report 2018 mais de 80% das seguradoras citam a evolução das preferências dos clientes como o fator mais crítico a impulsionar a agilidade digital, com seus investimentos fornecendo insights sobre o futuro da indústria.
Quase dois terços das companhias de seguros estão testando relógios inteligentes e dispositivos “vestíveis”; mais de um terço implantou telemática e pouco acima dos 55% estão investindo em reconhecimento de fala e blockchain, com a automação robótica de processos sendo, atualmente, a tecnologia digital mais implementada entre eles.
Para obter sucesso na era digital, o relatório destaca que as seguradoras devem fomentar a agilidade digital e desenvolver modelos operacionais capazes de oferecer uma experiência superior ao segurado, reunindo o melhor dos canais digitais e tradicionais.
Por exemplo, mais de 65% dos entrevistados ressaltaram que a personalização de ponta a ponta da jornada do cliente era sua maior necessidade.
No entanto, para isto, as seguradoras precisam de um ecossistema digitalmente integrado, que interconecte as seguradoras com clientes e parceiros, a fim de permitir um fluxo eficiente de informações e serviços.
Um ecossistema integrado digitalmente suportaria os serviços personalizados em tempo real que os clientes estão esperando e demandando.
Com a agilidade digital aprimorada, as companhias de seguro poderão obter maior percepção das necessidades do segurado e melhorar o tempo de comercialização de inovações, ao mesmo tempo em que poderão gerar uma maior eficiência operacional e redução de custos – conclui o relatório.