Estoques elevados, em primeiro lugar, e aumento de preços, em segundo, são os motivos apontados por analistas de mercado asiáticos para explicar o momento de preços da borracha natural.
Some-se a esses fatores a guerra protecionista entre Estados Unidos e China, a adoção de políticas ambientais mais rígidas do governo chinês sobre as plantas industriais e ações poluidoras das indústrias de pneumáticos daquele país – motivando, obrigatoriamente, elevados investimentos em máquinas, equipamentos e processos sustentáveis.
Outro ponto relevante se deve a um acordo de restrição de exportação de borracha natural tomada, em comum acordo, entre três dos principais produtores do insumo no mundo: Tailândia, Indonésia e Malásia.
A medida entrou em vigor em janeiro deste ano e valeu até março passado, período em que a Tailândia reduziu suas exportações em 240 mil toneladas, a Malásia em 20 mil toneladas e a Indonésia em 95 mil toneladas.
Apenas em janeiro deste ano, a Tailândia cortou as exportações do insumo em 100 mil toneladas, com impacto imediato nas cotações da borracha natural, cujo preço do quilo subiu de US$ 1,40 para US$ 1,55, com consequente elevação de 10,7%.
A borracha natural, que é considerada até mesmo pelo governo dos Estados Unidos como um insumo estratégico para a economia norte-americana, tem um peso tão ou mais importante para as mais de 3.900 fábricas de pneus existentes na China – 3.968 era o montante exato em 2016.
As reações dos chineses a esse quadro de fatores se mostram pragmáticas: a restrição das importações de borracha natural, pelos três mais significativos produtores globais do insumo, associado ao consequente aumento de preços (do insumo), levou os chineses a usarem seus estoques estratégicos e cortarem importações, até que a situação se mostre mais favorável.
As estatísticas da alfândega de Qingdao revelam corte de 35,5% nas importações do insumo pelos Portos de Shandong – uma das regiões de maior concentração de fábricas de pneus da China. Foram identificadas importações de 192.000 toneladas de borracha natural nos dois primeiros meses de 2018, no montante de 1,88 bilhão de yuans (52,2% menos que no mesmo período do ano passado).
Especificamente em fevereiro deste ano as importações via Shandong apresentaram o maior recuo desde fevereiro de 2009: 66.000 toneladas e baixa de 51,7% em 12 meses e 48% menos que em janeiro deste ano.
Quem está dando as caras no mercado chinês de borracha natural são as empresas estrangeiras e privadas, responsáveis por aquisições de 127.000 toneladas no primeiro bimestre, respondendo por 65,8% do total importado, mas, mesmo assim, 27,6% abaixo das importações do insumo em igual período do ano passado.
As estatais de pneus da China cortaram as compras em 58%, para 33.000 mil toneladas.
Os cortes totais de importações foram de 29,6% da Tailândia (139.000 toneladas), de 35,5% da Malásia (28.000 toneladas) e de 60,5% da Indonésia (18.000 toneladas).
Fator Petróleo
Os mercados asiáticos trabalharam nesta quinta-feira, 19, com um cenário ‘positivo’ para os preços da borracha natural, centrados e pautados pela flutuação dos preços do petróleo, que sobem aos maiores níveis desde 2014. Cresceu o apetite ao risco é o mote das operações da Tokyo Commodity Exchange (Tocom), um dos maiores mercados de negociação a futuro de borracha natural do mundo. Os reflexos disso também bateram nos pregões de Xangai. Na Tocom, a entrega futura de borracha natural, para setembro, avançou 2,6%, para US$ 1,74 por kg, chegando a bater no maior preço desde 22 de março. Em Xangai, o contrato mais ativo, também para entrega em setembro, avançou 610 yuans, fechando a US$ 1.878,00 a tonelada. Na Sicom, de Cingapura, os contratos para maio subiam US$ 3,20.
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