O mercado global de commodities, parametrizado pelo Índice Nikkei-Tocom Commodity, não vai nada bem. O indicador mencionado acima encerrou o mês de maio no pior desempenho desde setembro do ano passado e pelo terceiro mês consecutivo apresentou queda.
Se você não entende bem de economia, isso quer dizer o seguinte: quem produz bens como borracha natural, por exemplo, amarga, pelo terceiro mês consecutivo uma queda de preços. Isso do lado do produtor é um cenário ruim, embora possa ser positivo para a indústria que manufatura a borracha natural, transformando-a em bens e produtos como pneus, entre outras aplicações.
Segundo os analistas de mercado o momento é sui generis.
Primeiro, o euro que apresenta hoje o menor preço em relação ao dólar dos últimos dois anos. Segundo, os rendimentos dos títulos do governo japonês fecharam hoje no valor mais baixo dos últimos nove anos. Dá-lhe crise.
As notícias da economia da Europa são tétricas, ao mesmo tempo em que as da China não são menos preocupantes. Segundo os analistas de mercado, os números da economia da China, neste momento, são decepcionantes.
Tudo isso ocorre em linha com um investidor que está procurando hedge (proteção) contra flutuações bruscas de moedas e ativos e está pouco ou nada afeito a comprar borracha natural, por exemplo, por ser um ativo que não tem a liquidez do ouro ou do dólar.
O exemplo vale não apenas para a borracha natural, mas para toda e qualquer commodity.
Um exemplo de como o mercado de commodities anda largado neste fim de maio pode ser visto pela composição dos 10 sub-índices que compõem o Índice Nikkei-Tocom Commodity: o de óleo cru desabou 11,22% nesta quinta-feira, seguido pelo de óleo (-7,59%), gasolina (-6,23%), querosene (-5,48%) e borracha (-5,31%).
Na soma geral de comportamento dos sub-índices, o Índice Nikkei-Tocom Commodity (o índice geral) fechou em 270,08 pontos, um recuo de 16,2% em 30 dias, no pior desempenho desde setembro de 2011, quando perdeu 17,2%.
E a borracha natural?
Com base nos dados de fechamento das operações divulgados pela Bolsa de Commodities de Tóquio, todos os contratos encerraram o dia em queda, na comparação com os preços de liquidação do dia 30 de maio.
Para julho, recuo de 3,2%; agosto (-3,41%); setembro (-3,56%); outubro (-3,45%) e novembro (-3,46%).
Um retrato bastante atualizado pode ser expresso pelo volume de estoques de borracha em um dos principais centros de negociação da China, o Porto de Qingdao: os estoques hoje estão em 200 mil toneladas de borracha natural, montante que segundo os analistas é um dos mais altos desde novembro do ano passado.
Para entender essa questão é simples: não está havendo demanda.
Houve um princípio de movimentação entre março e abril, mas que estancou em maio. Motivos: Europa em crise, baixo desempenho do mercado automotivo chinês e crescimento americano não consolidado como efetivo, apenas meritório.
Dificuldades?
Como pode ser observado no relato acima, os preços do petróleo caíram tão ou mais fortemente que os preços da borracha natural.
As duas principais commodities usadas para o processamento de borracha sintética e natural colocam uma luz verde no fim do túnel das composições de custos e margens de lucros das empresas produtoras de pneus, porém, cadê a demanda para a venda dos produtos acabados?
Portanto, o quadro não é apenas difícil e complicado para quem produz e vende a matéria-prima, mas é tão ou mais complicado para quem processa e manufatura esses insumos, transformando-os em bens de consumo.
Quem, no mundo do just in time vai querer estocar insumos, produzir bens e mantê-los estocados? É uma opção, mas está fora da curva da moderna administração corporativa de Harvard e Cia.