A Coopertire, tradicional empresa produtora de pneus para veículos de passeio e comerciais leves nos Estados Unidos, é uma das companhias mais avançadas na aplicação do guaiúle, como matéria-prima para a produção de pneus, em substituição ao látex e borracha sintética – um sub-produto do petróleo.
A pesquisa e o desenvolvimento de pneus com base em guaiúle da Cooper é apoiada por um consórcio formado pela Clemson University, Cornell University, PanAridus e Agricultural Research Service, ligada ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA-ARS) e conta com subsídios do Biomass Research and Development Initiative (BRDI).
Em agosto passado, o consórcio reportou a conclusão do ciclo de investimentos recebidos pelo BRDI, da ordem de US$ 6,9 milhões, ao longo dos últimos cinco anos.
Um dos resultados apresentados foi a construção de mais de 450 pneus, 100% feitos com guaiúle, e entre os diferenciais obtidos em testes de laboratório e rodoviários é que o pneu de guaiúle apresenta melhor resistência ao rolamento e frenagem em pisos molhados que os pneus convencionais – feitos com látex e borracha sintética.
Segundo Chuck Yurkovich, vice presidente de sênior da área de desenvolvimento e pesquisa da Cooper, os pneus conceito produzidos e verificados nos testes foram aprovados.
“A Cooper poderia usar a borracha de guaiúle na produção de pneus amanhã, isso se houvesse matéria-prima suficiente para atender nossas necessidades de produção a um preço competitivo”, disse.
“Para que isso ocorra seria preciso um esforço concentrado entre governo, agricultores e a indústria para o cultivo de guaiúle em larga escala para uso na transformação em borracha para o segmento de pneus.”
O guaiúle é um arbusto muito comum no México e sudoeste dos Estados Unidos e ganhou força como matéria-prima substituta do látex e borracha natural por duas questões: o risco de pragas que vitimam a hevea brasilienses – fonte geradora do látex – e a busca por uma solução alternativa aos insumos feitos a partir do petróleo, caros, poluentes e com preços voláteis.
Em relação ao impacto ambiental, Amy Landis, professor adjunto do Departamento de Engenharia Civil da Clemson University, destaca que o pneu feito 100% com guaiúle emite entre entre 6% e 30% menos gases de efeito estufa que os pneus convencionais.
O consórcio está disponibilizando aos agricultores norte-americanos técnicas ideais para a plantação e o cultivo dessa cultura.