O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) manteve, pela segunda vez consecutiva, a taxa básica de juros em 6,50% ao ano, em sua reunião desta quarta-feira, 20.
Entre os pontos destacados para a manutenção dos juros o Copom aponta a greve dos caminhoneiros como um fator que dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica.
“A paralisação no setor de transporte de cargas no mês de maio dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica. Dados referentes ao mês de abril sugerem atividade mais consistente que nos meses anteriores. Entretanto, indicadores referentes a maio e, possivelmente, junho deverão refletir os efeitos da referida paralisação. O cenário básico contempla continuidade do processo de recuperação da economia brasileira, em ritmo mais gradual”, destaca o informe.
Em relação ao setor externo, o Comitê ressalta que segue ‘desafiador e volátil’.
“A evolução dos riscos, em grande parte associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu ajustes nos mercados financeiros internacionais. Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes”, aponta o comunicado.
Inflação
O Copom julga que, no curto prazo, a inflação deverá refletir os efeitos altistas significativos e temporários da paralisação no setor de transporte de cargas e de outros ajustes de preços relativos. “As medidas de inflação subjacentes ainda seguem em níveis baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”, destaca o informe.
Para o Comitê as expectativas de inflação para 2018 e 2019 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,9% e 4,1%, respectivamente. As expectativas para 2020 situam-se em torno de 4,0%.
Juro para 2018 e 2019
Segundo o Comitê, no cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do Copom situam-se em torno de 4,2% para 2018 e de 3,7% para 2019.
“Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2018 em 6,50% ao ano e 2019 em 8,0% ao ano e de taxa de câmbio que termina 2018 em R$/US$ 3,63 e 2019 em R$/US$ 3,60.
No cenário com juros constantes a 6,50% ao ano e taxa de câmbio constante a R$/US$ 3,70*, as projeções situam-se em torno de 4,2% para 2018 e 4,1% para 2019.
O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções, dentre eles:
- possível propagação, por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação passada pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado;
- (ii) uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.
- Esse risco se intensifica no caso de (iii) continuidade da reversão do cenário externo para economias emergentes.
“Esse último risco se intensificou desde a reunião anterior do Copom, enquanto diminuiu o risco da inflação ficar significativamente abaixo da meta no horizonte relevante”, destaca o informe do Comitê.
Votaram pela decisão de estabilidade do juro básico os seguintes membros do Comitê:
- Ilan Goldfajn (Presidente),
- Carlos Viana de Carvalho,
- Carolina de Assis Barros,
- Maurício Costa de Moura,
- Otávio Ribeiro Damaso,
- Paulo Sérgio Neves de Souza,
- Reinaldo Le Grazie,
- Sidnei Corrêa Marques e
- Tiago Couto Berriel.