2017 pode encerrar com novo superávit recorde na balança comercial brasileira, dessa vez, de US$ 56 bilhões. O número faz parte das projeções de exportação e importação presentes nas estimativas do Banco Central do Brasil.
Em 2016, o superávit comercial foi de US$ 47,7 bilhões, o maior desde 1980, fruto de exportações de US$ 185,2 bilhões e importações de US$ 137,6 bilhões. Tal desempenho se deveu, principalmente, pelo recuo de 20,1% das importações e de 3,5% das exportações.
Em 2017, o fator fundamental que leva ao fortalecimento do canal exportador se chama crise mesmo, necessidade de escoar a produção interna que não encontra respaldo de consumo em uma economia com baixo nível de atividade, desemprego recorde e crise política sem fim.
Os números projetam aumento de 10,7% nas exportações, para US$ 205,4 bilhões, e de 9,05% para as importações, de US$ 150 bilhões, o que refletiria um novo saldo recorde de US$ 56 bilhões ao final deste ano.
Para 2018, diante da abertura de um novo ciclo de crescimento para a economia brasileira – sairemos da recessão em 2017 e voltaremos a crescer em 2018 -, os números mostram que a balança comercial (e o esforço exportador vigente hoje) voltarão a se desacelerar, retornando ao velho tatibitati histórico do comércio exterior brasileiro, ou seja: ser traço e sem peso no conjunto das relações comerciais globais.
Os números do Banco Central mostram exportações de US$ 210 bilhões em 2018 (+2,23%), e importações de US$ 169 bilhões (+12,6%), com superávit comercial projetado de US$ 42,97 bilhões.
Como se vê, as importações crescerão mais de 10 pontos percentuais sobre as exportações e isso ocorrerá pelo movimento natural de abandono das empresas ao esforço exportador, com concentração no atendimento das demandas internas.
Opinião do redator: mais uma vez o governo brasileiro, independentemente de partido, perde a chance de vocacionar a economia brasileira como uma verdadeira plataforma exportadora de bens e serviços e não apenas commodities. O Brasil só atingirá a cifra de US$ 200 bilhões em exportações ao final deste ano, enquanto a Itália, 10ª maior nação exportadora do mundo, contabiliza vendas externas anuais superiores e US$ 500 bilhões.
Baixa variação cambial
A baixa variação da taxa de câmbio na série de 2017 a 2021 versus a total estabilidade da taxa básica de juros em igual período (veja gráfico), mostra que o governo brasileiro – sem vocacionar o comércio exterior brasileiro – irá administrar as contas externas do país na base do velho e bom cupom cambial – a diferença entre a taxa de câmbio e a de juros, que reflete o ganho imediato para o aplicador de recursos externos no mercado nacional.
Neste momento em que o ambiente político se mostra totalmente conturbado, a Selic promete se manter em rota de baixa, conforme mostra o quadro abaixo: