Executivos das principais empresas do setor automotivo andam fazendo as contas e chegando à conclusão de que os negócios na Europa estão pela hora da morte.
Agências internacionais destacam dois desses executivos nesta terça-feira, 12 de junho, sendo o mais contundente a fala do brasileiro que é presidente e CEO da Nissan e Renault, Carlos Ghosn.
“Eu não tenho absolutamente nenhuma dúvida de que os próximos três a quatro anos a economia da Europa estará em estado de estagnação, com potencial de melhoria após esse período”, disse hoje em encontro de empresários realizado pelo Wall Street Journal, em Nova York (EUA).
Ghosn não aposta no fim do euro e não acredita que a Europa esteja quebrando ou mesmo prestes a quebrar, mas destacou que Nissan e Renault estão preparadas para tempos difíceis. “As empresas precisam ser fortes o suficiente para superar essa travessia de três e quatro anos e se manter a frente de suas rivais”, disse.
“No momento estamos planejando o pior”, disse o CEO da Nissan-Renault, que também disparou contra o valor do iene. “Estamos chocados com o valor do iene (entre 78 e 79 por dólar), que está em recorde de baixa. Francamente, o preço do iene é inacreditável”, disse.
Ghosn não crê que o atual quadro represente em avanço para a fusão entre Nissan e Renault. “Eu acho que nunca vou ver isso pessoalmente, mesmo depois de eu me aposentar”, disse para a agência Reuters.
Já na Europa………
Do outro lado do oceano, o presidente e CEO da Pirelli, Marco Tronchetti Provera, relatou para a edição alemã da Financial Times que está tentando dissociar os negócios da empresa em relação à Europa.
“40% de nossas vendas vêm da Europa, 7% da Itália. Os mercados do Sul da Europa são hoje nossa área de vendas mais fracas”, disse ele ao apontar para uma estratégia de expansão da marca fora da Europa.
A Pirelli inaugurou em 31 de maio, no México, aquela que é considerada a unidade fabril mais moderna do grupo no mundo, na cidade de Silao, no estado mexicano de Guanajuato.
Segundo Provera, a abertura da nova unidade representa uma etapa importante nos planos de crescimento da empresa, principalmente nos negócios que envolvem o Nafta e a América Latina.
Com aportes de US$ 400 milhões a serem realizados até 2017, a unidade de Silao terá uma produção inicial de 400 mil unidades anuais – de pneus para veículos de passeio, de alta performance e para caminhões -, devendo chegar a 3,5 milhões de unidades em 2015.
Em plena capacidade, prevista para acontecer em 2017, a fábrica mexicana terá capacidade total para produzir 5,5 milhões de pneus por ano, dos quais 70% a serem comercializados na região do Nafta (Canadá, Estados Unidos e México).
Segundo Provera, a capacidade de produção local (voltada para o Nafta) deve subir de um percentual de 6% atualmente para 53% até 2015.