O segmento de pneus encerrou o período de janeiro a maio com saldo positivo na balança comercial setorial total, com receitas líquidas de US$ 113 milhões, no melhor resultado desde 2010, quando exportações menos importações geraram um salto de US$ 115,8 milhões.
Nos primeiros cinco meses de 2012 o Brasil exportou US$ 713,1 milhões em pneus e importou US$ 600,1 milhões, com saldo de US$ 113,0 milhões. Em todos os meses de 2012, a balança comercial do setor tem sido positiva.
O aspecto relevante do desempenho nos primeiros cinco meses de 2012 é muito significativo por várias razões :
1) Representa uma inversão em relação ao mesmo período do ano passado, quando o setor apurou déficit de US$ 4,5 milhões em sua balança comercial ;
2) O setor de pneus avança positivamente no setor externo em meio a desafios enormes, dentre eles a crise que assola a Zona do Euro ;
3) Internamente, a indústria de pneus enfrenta desde um processo de letargia do crescimento da economia brasileira, como uma brutal queda da produção e comercialização de veículos no período. Apenas para citar, o segmento de caminhões apresentou entre janeiro e maio deste ano queda média de 12,5% nos licenciamentos, sendo recuo de 5% no segmento de ônibus ;
4) Para especificar melhor o tamanho do problema no setor de caminhões, os dados da Anfavea apontam recuos de 14,2% no licenciamento de caminhões semileves ; 15,1% no de leves ; 12,9% no de semipesados ; 22,6% no de pesados. Apenas o segmento de médios apurou aumento nos licenciamentos internos, de 2,2% entre janeiro e maio deste ano.
5) Outro segmento importante para a indústria de pneus é o de máquinas agrícolas, cujas vendas caíram 5,2% no período abordado.
Ressaltados esses cinco fatores acima, a indústria de pneus também teve apoio de iniciativas governamentais e também soube aproveitar as brechas positivas abertas por mercados como os Estados Unidos e América Latina para empreender suas exportações.
Entre os aspectos que ajudaram a indústria a exportar podem ser citados os seguintes pontos :
1) A decisão do Banco Central do Brasil em corrigir a baixa variação do real frente ao dólar. Entre janeiro e maio deste ano o setor exportador obteve uma mididesvalorização do real de 8,24% ;
2) Outra decisão do Banco Central do Brasil foi a redução progressiva das taxas de juros, algo que está fazendo efeito neste momento sobre todo o escopo da economia brasileira, com fortes ganhos a partir de julho ;
3) O governo brasileiro também empreendeu um jogo mais duro com as importações, através da Operação Maré Vermelha gestada pela Receita Federal ;
4) O Congresso Nacional entrou no jogo e delimitou o campo para a Guerra dos Portos, uma prática que acabava por beneficiar as importações de bens e produtos em portos de estados brasileiros que cobravam menores impostos de importadores.
Além desses fatores, a indústria de pneus se beneficiou do esforço exportador realizado pelas montadoras brasileiras, principalmente as de caminhões e ônibus. Dados da Anfavea mostram que entre maio contra o mês de abril, o setor ampliou as exportações de caminhões em 35%, sendo expansão de 65,4% nas vendas externas de ônibus.
A consequência desse quadro geral representa bons desempenhos das áreas internacionais da indústria de pneus baseada no Brasil, com ganhos importantes em exportações de pneus para os Estados Unidos (US$ 174,6 milhões nos primeiros cinco meses de 2012 ante US$ 161 milhões em igual período do ano passado).
Para a Venezuela, as vendas de pneus brasileiros cresceu 224% no período (US$ 61,9 milhões no ano) ; 45,9% mais em vendas para o México (US$ 61 milhões) ; 32,5% mais para a Colômbia (US$ 42,4 milhões) ; 45,6% mais para o Peru (US$ 21,4 milhões) e 11,7% para a Austrália (US$ 18,1 milhões).