Apesar da crise econômica brasileira, os gestores de transportes brasileiros acreditam que suas frotas irão aumentar nos próximos três anos. O dado faz parte de pesquisa realizada pelo Consumer Science & Analytics (CSA) – instituto de referência de marketing e pesquisa de opinião da França – junto à pesquisa global Corporate Vehicle Observatory 2016 (CVO), com 2.993 gestores de frotas da Europa, Rússia, Turquia e Brasil (onde a pesquisa foi aplicada junto a 194 empresas) e conta com o apoio da Arval Brasil desde 2002.
Segundo a pesquisa, 55% dos gestores brasileiros acreditam que a frota de suas empresas irá aumentar nos próximos três anos, contra apenas 15% que acreditam que haverá redução. Nas empresas com grandes frotas (mais de 25 carros), o otimismo é ainda maior: 66% dos gestores apontam que haverá expansão da frota. Uma questão é quase unanimidade entre os gestores, de acordo com o CVO: o carro ainda é considerado um benefício para 62% dos brasileiros e 59% dos europeus.
Um dado positivo que corrobora esse contexto (e que não consta da pesquisa) é que no período dos próximos três anos, os analistas e profissionais do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central (Boletim Focus) projetam expansão continuada do Produto Interno Bruto (PIB), cuja mediana é de crescimento de 1,30% em 2017, de 2,30% em 2018 e de 2,50% em 2019, ante um recuo projetado de 3,19% em 2016. Ou seja, o crescimento do PIB deve pavimentar o otimismo dos gestores com os negócios em transportes medidos pela pesquisa CVO.
Para uma economia em processo de reversão do quadro recessivo, um primeiro passo é sim o clareamento do quadro de confiança do empresário e do consumidor expresso na melhoria de expectativas. Ao mesmo tempo – ou em paralelo – há uma lição de casa a ser feita: a busca pela redução de custos.
Dados do Índice Nacional da Variação de Custos do Transporte Rodoviário de Cargas Fracionadas (INCT), medido pelo DECOPE/NTC, em setembro, mostram um custo do frete em alta de 9,07% entre outubro de 2015 e setembro de 2016, com preços de insumos pesando fortemente nos bolsos dos frotistas, como o óleo diesel S 50/10 (+6,39%), diesel comum (7,31%), salários de motoristas (+8,51%), e de ajudantes (8,48%), seguros (8,40%), recapagem de pneus (+6,48%) e por ai vai.
Telemetria ajuda a reduzir custos
A questão custos, que tanto permeia a cabeça de quem roda o dia a dia das estradas e ruas nacionais também foi detectada pela pesquisa CVO 2016, quando os gestores foram questionados se teriam interesse em uma tecnologia que permitisse reduzir os custos de sua frota. Entre os gestores brasileiros, 69% acenaram positivamente, o que representa 7 em cada 10 empresas brasileiras. A resposta do Brasil só perde para Turquia, onde o índice ficou em 88%.
Entre as novas tecnologias salientadas na pesquisa, a telemetria se apresenta como uma aliada para os gestores de frota que buscam a redução de custos e ampliação da margem de lucros.
Segundo levantamento da Mix Telematics – líder global no fornecimento de informações de gestão de frotas -, entre os pontos positivos do uso da telemetria constam:
- Redução média de 10% dos custos de combustível;
- Melhoria da gestão de rotas e de prazos de entrega;
- Rastreamento em tempo real dos veículos e motoristas e melhoria da atribuição dos serviços;
- Identificação, monitoramento e gerenciamento do mau comportamento do motorista;
- Gerenciamento eficaz de serviços e licenciamentos, resultando na redução do desgaste do veículo, aumentando sua vida útil;
- Redução das emissões de carbono, colaborando na criação de um meio-ambiente mais saudável e mais sustentável.
Os dados da Mix corroboram a pesquisa da CVO que reforça os aspectos positivos da utilização da telemetria no monitoramento do consumo de combustível, comportamento do condutor e localização de veículos e destaca que a ferramenta é usada por 29% das empresas brasileiras e 33% das europeias, em parte de suas frotas.
Na Europa, percebe-se um maior conhecimento das vantagens da telemetria por parte das empresas: para monitorar dados técnicos do veículo e reduzir custos de manutenção, o índice foi de 28% na Europa, contra 10% no Brasil.
“Existe muito espaço e potencial para a telemetria ser usada no Brasil com vantagens em vários segmentos, como aumento dos controles de uso dos veículos corporativos e de consumo de combustível”, esclarece o diretor comercial da Arval Brasil, Ricardo De Bolle.
Tempo de uso
Outro dado relevante mostra que o tempo de uso dos carros está aumentando em todos os países pesquisados, independentemente do tamanho da frota.
Na União Europeia, na categoria veículos de passageiros, 19% dos entrevistados acreditam que irá aumentar o tempo de uso da frota, enquanto no Brasil este percentual é de 27%, um aumento em relação ao ano anterior, quando apenas 15% dos brasileiros entrevistados acreditavam em aumento.
No Brasil, esta diferença é mais acentuada em empresas com grandes frotas: 40% dos entrevistados acreditam em aumento do tempo de uso em relação ao ano anterior, tanto em frota de carros de passageiros, quanto em comerciais leves. Na Europa, o indicador ficou em cerca de 20%.
“A mudança de comportamento dos gestores de frota em relação à frequência de troca dos veículos pode ser atribuída a vários fatores, entre os quais a manutenção constante que faz com que o carro se mantenha em melhor estado e a busca constante por economia de custos nas empresas de todos os países”, explica Ricardo De Bolle. “Em contratos em que a troca era feita com 3 anos, houve alongamento gradativo para 4 ou 5 anos no Brasil”, destaca.