Os 65 importadores independentes reunidos junto à Associação Brasileira de Importadores de Distribuidores de Pneus (ABIDIP) atingiram uma marca histórica em 2014: o cumprimento de 98% das metas de reciclagem e correta destinação de pneus considerados inservíveis – em atendimento à Resolução 416 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
“A ABIDIP não representa 100% dos importadores de pneus que operam no Brasil, mas somos os primeiros a trabalhar incessantemente para que as empresas importadoras cumpram seus compromissos e quem não quiser cumprir com isso somos os primeiros a declarar que a regra é clara e é para todos”, afirma o diretor executivo da ABIDIP, Milton Favaro Junior.
A ABIDIP é a maior entidade representativa de importadores e distribuidores de pneus do Brasil e seus associados veem a questão do meio ambiente com muita responsabilidade, tanto é que para figurar no quadro associativo da entidade o importador passa por uma pré-seleção bastante rígida.
“Nesse processo são analisados seu histórico de passivos com o IBAMA e só é associado à ABIDIP o importador que está 100% regularizado com as métricas socioambientais. Isso faz com que sejamos um pouco diferenciados em relação aos demais importadores que atuam no setor”, ressalta Milton Favaro ao comemorar uma marca expressiva, alcançada após cinco anos de trabalho duro e incessante.
“Atingimos 98% das metas traçadas com o IBAMA e vamos chegar aos 100% em pouquíssimo tempo”, diz ele ao apontar que a indústria sempre coloca ‘todos’ os importadores dentro de um saco e acha que ‘todos’ deixam de cumprir as metas definidas pelo IBAMA. “Isso não é verdade e estamos mostrando que dentro do universo da ABIDIP, dos importadores que fazem parte da ABIDIP, 98% dos associados estão com 100% de suas metas ambientais em dia com o IBAMA e estamos trabalhando duro para sanar os 2% que faltam”, diz.
Compromisso com o meio ambiente
Milton Favaro Junior relata um fato que é muito pouco conhecido pela sociedade brasileira: a política reversa que premia a coleta e correta destinação de pneus considerados inservíveis no Brasil foi criada por um importador de pneus.
“A legislação referente à coleta e destinação de pneus inservíveis teve origem em 1999 por um importador de pneus, a BS Colway, do Paraná. A primeira legislação que defendia a necessidade de haver coleta e correta destinação de pneus foi a Portaria 258 de 1999 – que teve sua aplicação válida a partir de 2002, após ter sido modificada pela Portaria 416 do IBAMA em 2009”, relata o diretor executivo da ABIDIP.
“A indústria fala muito na questão da reciclagem de pneus, mas quem deu origem e formato à questão foi um importador de pneus, a BS Colway, que na época sofreu pesadas críticas e reações contrárias dessa mesma indústria que hoje diz ser referência no assunto”, diz.
Segundo Favaro Junior, muito antes da criação da Reciclanip, o braço sustentável da indústria na questão ambiental, o então governador do Paraná, Roberto Requião, já havia criado um programa chamado ‘Paraná Rodando Limpo’. “Através desse programa foram traçadas medidas de coleta e destinação correta de pneus inservíveis, algo que ajudou a erradicar a dengue no Paraná. Portanto, se hoje há uma legislação que atende à coleta e destinação correta de pneus ela se deve aos importadores de pneus e não à indústria brasileira de pneus. Quero deixar isso claro, pois muitos acham o contrário”, diz o executivo.
Exemplo de ação sustentável
Entre as ações desempenhadas pela ABIDIP e seu associados está a coleta e reciclagem de pneus no Espírito Santo. “Lá não existe uma única empresa recicladora de pneus, mas em conjunto com um de nossos associados, a AMBRA, celebramos um acordo para que a AMBRA use seus 23 pontos de vendas de pneus como pontos de coleta de pneus considerados inservíveis”, diz.
A AMBRA recebe os pneus, os armazena e uma vez por mês os envia – com transporte próprio – para uma empresa recicladora no Estado de Rio de Janeiro. “É necessário encaminhar isso para reciclagem no Rio porque não existe uma única recicladora que faça esse serviço no Espírito Santo”, relata Milton Favaro, ao destacar que a AMBRA se torna 100% responsável pela política reversa dos pneus que ela importa e vende no Brasil, bem como de pneus de outras marcas, inclusive nacionais, que ela recebe em seus pontos de coleta.
“Esse é um exemplo de como um associado da ABIDIP atua para cumprir com as metas do IBAMA e com a legislação de política reversa de resíduos sólidos que compreende o pneu”, afirma o diretor executivo da ABIDIP.
“Nesse contexto”, diz ele, “como eu vou explicar para a indústria, para o governo e para a sociedade capixaba que em todo o Estado do Espirito Santo não existe uma única recicladora de pneus? E como eu vou explicar para a indústria, para o governo e para a sociedade carioca que o passivo ambiental de pneus relativo ao Estado do Espírito Santo está sendo transferido para o Rio de Janeiro?”, questiona.
A única resposta para isso é que faltam empresas que atuem em reciclagem de pneus, não apenas no Espírito Santo, como em diversos estados brasileiros.
“O Governo deveria dar mais incentivos e desburocratizar as licenças para esse tipo de empresa, para esse tipo de iniciativa, pois muitas vezes nos defrontamos com a necessidade de obter licenças municipais, estaduais e federais. É muita burocracia, algo que não ajuda a desenvolver tais iniciativas em pequenas cidades ou patrocinar iniciativas no interior dos estados brasileiros. Se não tiver incentivos, não teremos empresários interessados em montar uma recicladora e os pneus inservíveis tenderão a se acumular sem a correta destinação”, relata.
A Visão da ABIDIP
Para comprovar que a questão ambiental é coisa séria para a ABIDIP e seus associados, basta ver o trabalho que esses importadores independentes vêm realizando ao longo dos últimos anos.
“Para nós, a reciclagem e a transformação do pneu inservível deve gerar um subproduto que tenha utilização ambientalmente correta e que traga benefícios para a sociedade. Um dos pontos fundamentais do trabalho que realizamos é o uso do pneu reciclado como asfalto borracha, a utilização do pó de borracha do pneu reciclado aplicado na produção de asfalto”, diz.
Para consolidar esse tipo de destinação ao pó de borracha reciclado a partir de pneus inservíveis, a ABIDIP participou e vem atuando de forma concentrada na construção técnica, social e ambiental de Projetos de Lei nesse sentido em vários estados brasileiros.
Um deles é o Projeto de Lei já aprovado no Paraná e que foi formulado pelo deputado estadual, Elio Rusch (DEM), em outubro de 2013. “Além de ter trabalhado muito rápido nesse projeto, o deputado convenceu a Assembleia Legislativa do Paraná a aprovar e quebrar o veto do Governador que não queria este projeto aprovado. Projeto semelhante foi aprovado em Minas Gerais”, diz Favaro Junior.
A Reciclap de Curitiba é outra empresa que conta com parceria da ABIDIP para a destinação de pó de borracha para aplicação em asfalto, diz ele. “Essa empresa possui os equipamentos mais modernos da América Latina para essa finalidade e está ampliando e investindo em outros estados do Brasil”.
No Rio Grande do Sul, a ABIDIP apoia um projeto inédito desenvolvido pela Bionecta para a produção de meio fio de calçadas a partir de borracha obtida pela reciclagem de pneus inservíveis. A Bionecta é a empresa que recebeu do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) o registro da 1ª patente verde de processo de reciclagem de pneu do Brasil e desenvolve produtos 100% reciclados a partir da borracha extraída dos pneus.
“A partir de nossa parceria, os associados da ABIDIP podem destinar os pneus importados considerados inservíveis para a transformação em meio fio”, diz Favaro Junior. “Outros projetos estão sendo trabalhados e aguardamos o desenvolvimento e o término deles para podermos apoiar e celebrar novas parcerias. A ABIDIP está trabalhando para cumprir seus compromissos sociais e ambientais e seus associados estão empenhados nessa luta”, afirma.