Alguns sinais importantes do que está ocorrendo no setor agropecuário brasileiro – refletidos também na recuperação do nível de atividade industrial e de prestação de serviços – podem ser expressos pelo desempenho apresentado pelo setor de máquinas agrícolas, implementos e, também, pelo setor de caminhões vinculados ao serviço de transportes da safra e de bens e serviços.
De janeiro a setembro deste ano, a Anfavea aglutina dados positivos de produção do segmento de máquinas agrícolas, com os seguintes destaques:
- Aumento de 20,2% na produção de tratores de rodas (sobre o mesmo período do ano passado), com 35.055 unidades produzidas;
- Aumento de 42,6% em tratores de esteiras: 1.333 unidades;
- Aumento de 32,9% em colheitadeiras de grãos: 3.859 unidades;
- Aumento de 13,2% em colhedoras de cana: 842 unidades;
- Aumento de 10,2% em retroescavadeiras: 2.444 unidades.
Caiu apenas a produção de cultivadores motorizados, recuo de 24,1%, para 460 unidades – na mesma base de comparação.
Ao mesmo tempo, as exportações de máquinas agrícolas apresentam expansão de 53% em receitas, para US$ 2.103 bilhões, mais do que compensando o recuo de vendas em algumas linhas de produtos, conforme pode ser observado abaixo:
Em vendas, os dados são sensivelmente diferentes dos auferidos em produção, com apenas algumas linhas de produtos exibindo performances positivas. Vamos a elas:
- Aumento de 11,4% em tratores de rodas: 28.746 unidades sobre janeiro a setembro de 2017;
- Aumento de 3,2% em colheitadeiras de grãos: 2.802 unidades;
- Recuo de 18,3% em colhedoras de cana: 537 unidades;
- Recuo de 29% em cultivadores motorizados: 423 unidades;
- Recuo de 1,8% em tratores de esteiras: 217 unidades;
- Recuo de 12,3% em retroescavadeiras: 869 unidades.
No segmento de caminhões, mesmo antes da 26ª Fenatran, que foi pródiga em apontar o otimismo das montadoras de veículos, seja em lançamentos de produtos – alguns deles com foco em setores estratégicos como Madeira, Mineração, Canavieiro – e maximização de investimentos e reforço do chão de fábrica – o cenário para uma conjuntura de recuperação do nível de atividade está premente.
Se você pegar a Carta da Anfavea buscando a resposta de curtíssimo prazo do setor a esse momento econômico, verá que todas as montadoras de caminhões que atuam no segmento de pesados apresentam vendas positivas em setembro deste ano, comparativamente a setembro do ano passado, conforme pode ser visto abaixo:
- Iveco: expansão de 269,2% para 96 caminhões;
- DAF: expansão de 91,1% para 107 unidades;
- MAN (Volkswagen Caminhões): expansão de 90,4% para 217 unidades;
- Mercedes-Benz: ampliação de 72,8% para 439 unidades;
- Scania: ampliação de 39% para 428 caminhões pesados;
- Ford: aumento de 30,8% para 17 unidades;
- Volvo: expansão de 27,6% para 421 caminhões.
Em termos de exportação, as montadoras de caminhões exibem expansão de 40,9% nas vendas externas, para 21.490 caminhões. Em pesados, expansão de 23,8%, para 7.464 unidades – entre janeiro e setembro de 2017 sobre a mesma base de 2017.
O que os dados projetados pelo Banco Central do Brasil para o PIB brasileiro, neste e nos próximos anos, apontam é que as empresas estão sabendo se aproveitar do substancial desempenho chinês de crescimento da agropecuária, mas essa tendência pode mudar na série dos próximos trimestres – leia Agropecuária está perdendo dinamismo chinês.
Os novos balanços programados pelo Fenabrave e Anfavea para outubro de 2017, já devem refletir o impacto da 26ª Fenatran, mas, independente disso, os dados projetados do PIB/BC mostram que a melhora do quadro econômico começa a ser apoiar muito mais na indústria e serviços, que propriamente na agropecuária.
Todos os setores vão crescer, chamamos atenção apenas para o fato que o agropecuário não terá o mesmo desenho de 2017. O ciclo positivo tende a recair sobre todos os segmentos da economia, e o fato de a indústria automotiva estar abrindo as gavetas e botando a cara no mercado é uma demonstração clara de que o fundo do poço já era.