As importações de pneus para veículos de passeio bateram recorde histórico em agosto deste ano e foram as maiores na série dos últimos cinco anos, aponta levantamento.
Foram US$ 62,5 milhões em pneus importações para esse segmento, número que representa alta de 15,31% sobre as importações realizadas em julho deste ano (US$ 54,2 milhões) e de 17,51% comparativamente às compras externas de pneus realizadas em agosto de 2011, de US$ 53,2 milhões.
Os números são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
Importações menos exportações, o segmento de pneus de automóveis registrou o maior déficit na série dos últimos cinco anos, de US$ 49,7 milhões no acumulado do ano e de US$ 17,7 milhões em agosto.
De janeiro a agosto, em apenas dois meses (março e abril), a indústria nacional de pneus conseguiu superar as importações, ou seja, 6 a 2 para os importadores de pneus de veículos de passeio.
O grande destaque para o recorde de importação de pneus desse segmento é que tal desempenho ocorre um mês depois da edição do processo de dumping de pneus de passeio solicitado pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) e aceita pelo Departamento de Defesa Comercial da Secretaria de Comércio Exterior, através da Circular 34 do Secex, de 20 de julho de 2012.
O processo é contra produtos importados da Coreia do Sul, Taipé Chinês, Tailândia e Ucrânia.
Analisando as importações por origem, a China – dos países arrolados pelo processo de dumping -, foram as únicas que cresceram em agosto: 32,31%.
As importações de pneus de passeio oriundas da Coreia do Sul caíram 10,15%, da Tailândia recuaram 8,13%, sendo baixa de 15,93% nas compras de pneus da Ucrânia.
Individualmente, as importações da China, de US$ 19,048 milhões em agosto, tiveram peso de 30,49% no total de pneus de passeio importados no período (US$ 62,4 milhões) e foram recordes para um mês de agosto desde o início da série de compilação de dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Exportações
Pelo lado das exportações, elas somaram em agosto US$ 44,6 milhões, alta de 22,19% em relação a julho deste ano, mas caíram 17,41% quando comparadas a igual período do ano passado.
Na soma de janeiro a agosto, a indústria nacional já exportou US$ 330,1 milhões em pneus de passeio em 2012, sendo importações de US$ 379,9 milhões e déficit anual de US$ 49,8 milhões.
Se o aumento das importações de pneus de passeio em agosto pode estar associado ao efeito do dumping contra produtos importados da Coreia do Sul, Taipé Chinês, Tailândia e Ucrânia, outros três fatores podem se associar a isso: o primeiro é a desvalorização do real, que pode estar encarecendo o custo de importação.
Outro motivador se deve a Operação Maré Vermelha executada pela Receita Federal – cujos contêineres antes represados para verificação podem estar sendo liberados, o que impacta no quadro estatístico só agora.
Outro fator antecipador de importações está associado ao aumento do imposto de importação, medida que deve entrar em vigor a partir do dia 25 deste mês, e que elevará a taxa de importação de pneus de bicicletas, motocicletas, de passeio e de caminhões e ônibus, de 16% para 25%.
Nesse contexto, explica-se a alta de 599,18% nas importações de pneus de veículos de passeio ocorridas em agosto, por importadores com base no Peru – país que não faz parte do Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul) e de 151,32% de importadores da Colômbia – que também não é nação integrante do Mercosul. Peru e Colômbia são apenas estados associados, assim como Chile, Bolívia e Equador.
Já em relação ao recuo de 17,41% nas exportações de pneus de passeio em relação a agosto do ano passado há que se destacar o impacto das vendas de veículos zero quilômetro no mercado interno em agosto deste ano, primeiro mês cheio pós advento da redução do IPI.
O esvaziamento dos estoques de veículos, principalmente de passeio – uma vez que caminhões e máquinas e implementos agrícolas persiste com vendas fracas -, pode ter batido na linha de produção das empresas produtoras de pneus nacionais.
Vendas recordes de carros, retomada da linha de produção nas montadoras de veículos, têm, por consequência, redução de estoques de pneus (como equipamentos originais) nas produtoras nacionais de pneus e maior empenho da produção de mais pneus.
Em resumo: a indústria nacional exportou menos diante da súbita demanda por pneus no mercado interno, embora tenha elevado em 22,19% as exportações frente ao mês de julho deste ano – no terceiro maior volume de exportações do ano, inferior apenas aos de março (US$ 49,7 milhões) e abril (US$ 43,8 milhões).