Com base nos apontamentos expressos pelos conselhos de administração dos balanços de empresas analisados pela Transportepress.com, fomos verificar a questão do aumento de preços de matérias-primas.
Baseamos a pesquisa apenas na borracha STR 20, a mais usada pelas empresas produtoras de pneus em todo o mundo e pegamos os dados da Malaysian Rubber Board, um dos principais balcões de negócios do insumo na Ásia.
A constatação é que os fabricantes têm mesmo todo o direito de reclamar. No primeiro trimestre deste ano, o preço médio da STR 20 foi de 212,03 US$ cents/kg. Comparativamente ao mesmo período de 2016, esse preço está 82,64% mais alto.
O mesmo cálculo foi feito para o segundo trimestre de 2017 versus o segundo trimestre de 2016. Resultado, o preço médio de 153,19 US$ cents/kg está 11,78% maior que o praticado no mesmo período do ano passado.
De janeiro a junho deste ano, as empresas que usam STR 20 tiveram um custo adicional de 44,19% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Analisamos apenas um tipo de insumo, e, realmente, o impacto do custo pesa. Talvez na cesta de mais de 65 insumos usados na construção de um pneu, outras matérias-primas possam ter compensado aumentos equivalentes a esse.
Dados do relatório da Bridgestone Corporation, por exemplo, destacam que o petróleo WTI ($/bbl), subiu 28,2% na mesma base de comparação.
Qual o motivo da alta de preços da borracha?
Segundo o último relatório da Associação dos Países Produtores de Borracha Natural (ANRPC), o primeiro semestre fechou com um déficit de 8,6% na produção de borracha natural, que encerrou julho em 6.838 milhões de toneladas, ante um consumo de 7.486 milhões de toneladas. O tamanho do déficit é de 648 mil toneladas.
Na Tokyo Commodity Exchange (TOCOM), o principal mercado futuro de negociação do insumo na Ásia, os estoques informados pela própria bolsa fecharam julho em 3.871 toneladas, acima da posição de 20 de julho, de 3.852 toneladas, porém um nível 38% abaixo do registrado em igual período do ano passado. Ou seja, tem déficit mesmo.
Duas informações relevantes tendem a consolidar um forte ritmo de demanda pela borracha natural nos próximos meses.
Uma delas vem da China. O governo local informa que o país importou 199 mil toneladas do insumo apenas em junho passado, montante 30,48% superior ao mesmo período do ano passado. Foram 116 mil toneladas da Tailândia e 39 mil toneladas da Indonésia, dois dos maiores produtores globais do insumo.
No primeiro semestre, as importações chinesas somaram 1.447.000 toneladas ou 24,39% mais que nos primeiros seis meses do ano passado.
O fator China também está nas estatísticas de projeções futuras da maior empresa produtora de pneus do mundo, a Bridgestone Corporation. Para pneus de passeio, o mercado global deve demandar 5% mais que em 2016 e de caminhão e ônibus entre 6% e 10% mais.
Especificamente para China e Ásia-Pacífico, as projeções apontam para altas entre 31% e 35% para equipamentos originais e de 11% a 15% nos mercados de reposição de pneus de carga – usados em caminhões e ônibus.
As informações mostram uma demanda natural – de expansão do mercado global em todas as categorias de produtos – mas um fator China que está fora da curva. Portanto, são condicionantes a serem levadas em consideração para a formação futura do preço da borracha natural.