A implantação do Renave foi fundamental para o acesso dos revendedores de veículos a linhas de crédito e se mostrou também um instrumento importante para mitigar riscos de fraudes. Desde janeiro de 2022, o Renave é obrigatório para veículos zero, entretanto ainda é facultativo para o mercado de usados, tendo adesão de apenas nove estados brasileiros.
Esse foi um dos destaques apontados por especialistas participantes do evento Panorama de Veículos 2024, realizado pela Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento). Segundo eles, é preciso acelerar esse movimento de adesão para reduzir as fraudes e custos e, assim, expandir as vendas com mais segurança.
Na opinião de Enilson Sales, presidente da Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), o sistema financeiro, a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) e a própria entidade que ele representa estão alinhados para que o processo seja acelerado. “O que falta são os órgãos reguladores se unirem a essa determinação”, observou Sales, lembrando que o Renave nasceu entre 2011 e 2012 em debates nas instituições que representam os lojistas.
Sales argumentou que é preciso desmitificar a questão de que o Renave torna as operações mais caras, por causa da incidência de impostos. “A Fenauto tem dados que mostram isso é mito, além da importância do Renave para combater fraudes e lavagem de dinheiro, o que beneficia a todos, das lojas que, formalizadas, terão mais crédito, até o consumidor final.”
Para Luis Gabriel Mendes, Gerente Executivo de Relações Comerciais do Banco BV, é preciso ter uma regra clara de transição para as questões tributárias, principalmente, em estados nos quais o Simples Nacional seja predominante.”
Já o presidente do Banco Yamaha, Nelson Aguiar, disse que há um ponto não muito claro no Renave em relação a estrutura de custos quando o produto é motocicleta, que tem ticket médio reduzido, e um volume grande de vendas de usadas em comparação às novas, que pode chegar a 300%. “É uma questão que merece muita atenção neste segmento.”
André Novaes, Diretor do Banco Safra, destacou que, infelizmente, “o novo, especialmente o novo que vai mudar o mercado, incomoda. No fundo, as pessoas se acostumam com aquilo que não é bom, muitas vezes, até mesmo com custos desnecessários, com linhas de fraudes e valores altíssimos que, ao final são repassados à taxa final, e aos consumidores. Mas Renave e Marco das Garantias purificam tudo isso. Teremos que ser mais corajosos e protagonistas do que temos sido até agora para enfrentar esses desafios porque 99% dos lojistas vão trabalhar melhor, vender melhor e vamos financiar mais.”
Novas tecnologias, necessidades dos clientes
Assim como os carros elétricos e os veículos chineses, as novas tecnologias e as necessidades dos clientes e lojistas também foram bastante debatidas no encontro. Todos acreditam que é fundamental um olhar especial para as necessidades de cada cliente na hora de avaliar o crédito, seja para locação, assinatura compra ou consórcio, e que as tecnologias devem continuar a dar mais agilidade aos processos de análise e concessão.
Hercílio Soares Junior, Superintendente Regional de Veículos do Banco Pan, destacou a importância dos modelos preditivos para analisar como os clientes se comportam em relação aos pagamentos. “As instituições estão buscando alternativas para conhecer melhor o cliente para poder atendê-lo melhor.”