Um dos principais pontos tocados pelo presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Cledorvino Belini, durante apresentação dos resultados relativos ao mês de maio se deveu ao segmento de caminhões.
Entre janeiro e maio de 2012 e janeiro e maio de 2011 as vendas de veículos pesados apresentou recuo de 12,5%. Neste ano foram comercializadas 59,6 mil unidades ante 68,2 mil unidades em igual período do ano passado.
Belini ressaltou que as nuances do mercado interno – Euro 5, diesel S-50 e Arla 32 – que representam um novo patamar tecnológico, mas com custos mais altos -, têm pesado, porém, as montadoras locais têm empreendido grandes avanços nas exportações.
“De janeiro a maio houve queda de 12,3% em termos de unidades vendidas – 187 mil contra 213 mil nos primeiros cinco meses de 2011 -, mas em receitas de exportação houve aumento de 9,9% – de US$ 6,6 bilhões para US$ 6 bilhões”, disse ele ao destacar que os valores maiores se devem, em parte, às exportações de bens de maior valor agregado, no caso, caminhões, motores, câmbios e demais partes e peças desse segmento.
“O Brasil expandiu suas vendas de pesados no período. Foram mais caminhões e parte e peças”, relatou, ao mesmo tempo em que afirmou que o setor tem mais problemas com a questão de férias coletivas que as montadoras de veículos de passeio, além de estoques maiores.
Segundo Cledorvino Belini enquanto os estoques de veículos de passeio se situam por volta de 40 a 45 dias, os de caminhões giram hoje na casa dos 60 dias.
“Há um delay entre o impacto da redução de IPI, de juros e reaquecimento da economia entre os segmentos de passeio e de pesados. Acredito que o segmento de caminhões deva ter um caminho mais suave a partir do segundo semestre”, disse.
Em relação ao processo de continuidade de férias coletivas ou paralisação das linhas de produção nas fábricas desse segmento, Belini ficou em cima do muro.
“Creio que isso deva ser minimizado a partir do momento em que a economia começar a se recuperar. Precisamos ver no caso a caso, empresa por empresa, mas pode haver um PDV ou um processo de desligamento de mão-de-obra em uma outra empresa, mas muito localizado”, afirmou ele, dando sinais de que “algo de podre gira no Reino da Dinamarca”.
O presidente da Anfavea destacou que o segmento tem o apoio do BNDES, de linhas de financiamento junto ao Procaminhoneiro, mas é um setor que depende – eminentemente – da recuperação da economia.
“Eu olhei para o tempo chuvoso hoje em São Paulo e me perguntei: será que as nuvens negras da Europa chegaram ao Brasil? Será que o patamar de menor crescimento da China está chegando? Evidente que tudo isso atrapalha. O mundo está parando de comprar. Eu acho que o mais importante é que o governo brasileiro adotou medidas anticíclicas, o juro menor, o câmbio maior, a redução do IPI, as novas linhas de crédito. Portanto, temos de esperar que tais questões se concretizem na economia e quando isso se consolidar, vão junto os segmentos de passeio e de caminhões, mas principalmente, o de caminhões”, disse.
Questionado se o peso do custo maior relativo à tecnologia do Euro 5 pode levar a Anfavea a negociar o atraso ou a revisão do processo de implantação de novas etapas do programa de baixa emissão no Brasil, Cledorvino foi bem claro: “Não existe a menor possibilidade disso. O Euro 5 é uma realidade e a tendência é seguir com os novos passos de consolidação do programa, sem alterações.”