O ‘excelente’ trabalho realizado pela Confederação Nacional dos Transportes junto à 21 ª Pesquisa CNT de Rodovias mostra claramente o abismo existente entre a situação das rodovias sob gestão pública e sob gestão privada, mas também, sob o péssimo estado geral em que se encontram.
Em uma das sínteses da pesquisa, acerca da classificação do estado geral dos 105.814 km pesquisados, 61,8% têm avaliações entre regular (35.590 km ou 33,6% do total); ruim (21.217 km ou 20,1% do total) e péssimo (8.525 km ou 8,1% do total). Apenas 38,2% dessa malha pesquisada posiciona-se entre bom (31.040 km ou 29,3% do total) e ótimo 9.442 km ou 8,9% do total).
Segundo a própria CNT, são por força de problemas com pavimento ruim serão consumidos apenas neste ano 832 milhões de litros de diesel a mais, um custo estimado em R$ 2,54 bilhões que tem peso de 27% no custo operacional do transporte.
Vale destacar que a CNT apurou apenas o custo relativo ao diesel. Na conta estão faltando os gastos adicionais com partes e peças, manutenções, desgaste excessivo de pneus, cuja mensuração elevaria muito mais os custos adicionais do transporte.
Uma ligação disso ao contexto da economia, equivale a dizer que esses custos são inflacionários, na medida que são incorporados ao frete e o frete é embutido nos preços dos produtos que o consumidor paga nas gôndolas e lojas onde consome em qualquer lugar do país.
Vale como dica ao Comitê de Política Monetário do Banco Central (Copom), uma análise mais profunda dessa questão, uma vez que a autoridade monetária se atém ao contexto da inflação para mensurar os rumos de sua política monetária, e frete é inflação.
Mais números
Os dados da CNT apontam que mais de 55% dos 67.404 Km de estradas federais, precisamente 55,4%, estão entre as classificações regular (24.745 km); ruim (9.839 km) e péssimo (2.730 km).
Exatos 73% dos 38.410 km de estradas estaduais figuram entre regular (10.845 km), ruim (11.378 km) e péssimo (5.795 km).
Das estradas (federais e estaduais) sob gestão pública, 70,4% situam-se em regular (30.995 km), ruim (20.653 km) e péssima (8.494 km). Só 29,6% posicionam-se entre bom (22.507 km) e ótimo (2.817 km). Veja só: apenas 2.817 km sob gestão pública são ótimos.
Os números mostram total contraposição quando o setor privado entra no jogo (das concessões).
Aqui, 74,4% estão entre bom (8.533 km) e ótimo (6.625 km), ante 25,6% entre regular (4.595 km), ruim (564 km) e péssimo (31 km). Veja só: apenas 564 km figura como ruim nas mãos privadas ante 20.653 km nas mãos públicas. Apenas 31 km figuram como ruins nas mãos privadas ante 2.817 km nas mãos públicas.
Um ponto positivo é o equilíbrio em relação às ponderações de pavimentação das estradas: 50% entre bom (10.237 km) e ótimo (42.666 km), ante 50% entre regular (35.962 km), ruim (14.004 km) e péssimo (2.945 km).
Para ver a síntese dos resultados acesse: Pesquisa CNT de Rodovias 2017.