A troca de mercadorias envolvendo o setor de pneus junto ao comércio exterior somou US$ 778,9 milhões no primeiro trimestre de 2012.
Desse total, as fábricas instaladas no país exportaram a soma de US$ 420,9 milhões, ante importações realizadas por importadores independentes e também pelas fábricas nacionais de US$ 358 milhões, representando um saldo positivo de US$ 62,9 milhões no período.
Esses dados fazem parte de levantamento realizado na base de informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e apontam, em linhas gerais, para um desempenho muito positivo da indústria brasileira de pneus, em que pesem problemas em algumas linhas de produtos.
Foram analisados 18 segmentos de produtos, baseados na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), dos quais, 10 tipos de produtos ou segmentos de pneus registram saldo negativo em relação às importações, com destaque para os Dumpers, onde a indústria brasileira perde de braçada para os importadores.
Nesse quesito, ou o mercado interno não tem produção em escala ideal para competir de igual para igual com os fabricantes estrangeiros, ou simplesmente é um segmento onde 100% dos pneus utilizados vêm do exterior.
O Brasil não exportou absolutamente nada nessa linha de produtos nos primeiros três meses do ano e importou US$ 24,4 milhões em pneus para Dumpers no período.
A indústria nacional também se mostra completamente alijada de competitividade no segmento de pneus para bicicletas – exportou US$ 252,4 mil e importou US$ 5,96 milhões.
Esses são apenas dois exemplos – os mais gritantes – nos números que formam a cadeia de comércio exterior do setor de pneus nacional, mas que também reúnem indicadores muito relevantes, como uma maior agressividade da indústria brasileira nos segmentos de passeio – em março foi quebrada uma sequência de déficits contínuos – e ampliou em 28,7% e 67,2% as exportações de pneus de caminhões/ônibus e de construção, respectivamente, na comparação com igual período do ano passado.
Alguns motivos básicos podem explicar esse súbito avanço das exportações nesses que representam o grande filão da indústria, além de ensejar um maior grau de disputa com os importadores.
Três motivos estão ligados a iniciativas do governo brasileiro: a movimentação dos empresários para por fim à Guerra dos Portos, o lançamento da Operação Maré Vermelha, pela Receita Federal, e as mudanças promovidas na taxa de câmbio, que visam retirar um pouco do peso do real frente à moeda norte-americana, dando maior competitividade aos produtos brasileiros nesse turbilhão de crise que varre o mundo.
Esses três fatores, em tese, podem ter bloqueado a sede dos importadores, uma vez que, segundo dados da Abidip, 70% das importações de pneus no Brasil são fraudulentas ou contém ingredientes de fraude, algo que a tende a ser tornar mais claro com os avanços da Operação Maré Vermelha.
Portanto, mudanças de legislação de um lado, somadas ao combate de irregularidades de outro, acrescidas de uma taxa de câmbio em elevação, podem ter levado os importadores a tirar um pouco o pé do acelerador.
Outros motivos, ligados aos condicionantes da economia brasileira também podem explicar o avanço das exportações sobre as importações neste momento.
Um dos mais fortes é a hecatombe registrada na produção de caminhões pelas montadoras nacionais neste primeiro trimestre, queda de 32,5% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, em que pese um aumento de 7% nas exportações.
Essa questão mexe com a indústria de pneus na medida em que a demanda interna cai, arrefecida um pouco pelas exportações de pesados em alta, mas de qualquer forma motiva os fabricantes de pneus a irem à luta por novos mercados no setor externo – um deles, os Estados Unidos que apresentou aumento de 41% na produção de caminhões neste ano.
Não é mera coincidência que esse país figura entre os principais destinos de pneus exportados pelo Brasil no período.
O impacto do acordo automotivo fechado entre o Brasil e o México é outro fator que deve sem destacado, mas que só deve ter efeito sobre a indústria nacional de pneus e os importadores no médio prazo.