A indústria brasileira de pneus encerrou 2016 com o maior superávit comercial desde 2008, obtendo uma geração líquida de divisas da ordem de US$ 463,8 milhões, resultado de exportações de US$ 1.052,9 bilhão para 150 países ao redor do mundo e importações de US$ 589,1 milhões – originárias de 63 países -, apontam os dados apurados pela Transportepress junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
As vendas de pneus no mercado externo avançaram 4,64% sobre 2015 (US$ 1.006,3 bilhão), enquanto as importações caíram 29,02% sobre o ano anterior (US$ 829,9 milhões). Foi o pior resultado para as importações de pneus desde 2007, momento em que as compras externas somaram US$ 583,5 milhões.
No mesmo período abordado, as exportações de veículos brasileiros avançaram 24,67%, saltando de 417.332 unidades em 2015 para 520.286 unidades no ano passado, enquanto as importações recuaram 34,82% – caindo de 414.333 unidades em 2015 para 270.078 unidades em 2016. Coincidentemente, ou não, as importações de veículos caíram ao menor nível desde 2007, o que representa uma correlação direta entre importações de veículos com a importação de pneus.
Dada essa correlação, ampliamos a base de dados para análise e a conclusão pode ser expressa pelo gráfico abaixo. As curvas de exportação de pneus bem com como as de importação se correlacionam com as de exportação e importação de veículos.
O interessante aqui é perceber que a indústria de pneus nacional e internacional é sim e sempre será um setor satélite das montadoras de veículos – e vai aonde a indústria automobilística for -, mas o fato relevante é que a indústria de pneus não mostra ter uma vocação única e impessoal para o descolamento de ações estratégicas: só faz o que as montadoras fazem.
No aspecto importação, é mais fácil entender isso: as importações de pneus caíram 29,02% e as de veículos 34,82%. Os números, mesmo com diferenças gritantes, mostram mais correlação entre uma coisa e outra, diferentemente do aumento de 4,64% das exportações de pneus e de 24,67% de veículos.
Em termos de tendências há assertividade entre uma coisa e outra, mas não em termos de vocação, uma vez que a indústria de pneus local tem muito mais força do que exibe e pode ampliar muito mais o seu escopo ‘vendedor’ de pneus no cenário externo sem ter que esperar o start das montadoras.
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as exportações de veículos em 2016 alcançaram a cifra de US$ 8,889 bilhões, com as exportações de pneus correspondendo apenas a 11,83% desse montante.
Um aspecto positivo para a indústria de pneus é que o setor exportou 15.085.720 pneus em 2016, o maior volume desde 2012 e 12,56% superior às 13.402.669 unidades exportadas em 2015.
Preços de exportação
Se de um lado as exportações em unidades avançaram positivamente em 2016 – foram 1.683.051 pneus a mais comparativamente a 2015 -, os preços dos pneus Made in Brazil voltaram aos praticados em 2010.
Transportepress dividiu a quantidade de pneus exportados pelo montante de dólares FOB auferidos e obteve um preço médio do pneu nacional: em 2016 foi de US$ 69,79, ou 7,05% menor que os US$ 75,08 obtidos em 2015 e muito distante dos US$ 101,97 registrados em 2012 – 31,56% menos na base de comparação.
Mercados
Argentina, Estados Unidos e México foram os maiores mercados para exportação de pneus nacionais em 2016.
Para a Argentina foram vendidos 3.275.105 pneus em 2016, com receitas de US$ 278,5 milhões e preço médio de US$ 85,04 por unidade; ante 4.179.045 pneus para os Estados Unidos, para exportações totais de US$ 274,3 milhões e preço médio de US$ 65,64 por unidade; e 1.593.594 pneus para o México. As receitas de exportação somaram US$ 96,1 milhões, o que equivale a um preço médio de US$ 60,35 por pneu.
Vale destacar que em quantidade exportada, as aquisições de pneus brasileiros pelos norte-americanos deram salto de 43,39%, ou 1.264.619 pneus a mais que em 2015.
Outros destaques
A indústria nacional avançou bem sobre os chamados mercados asiáticos e até mesmo sobre países que acusa prática de dumping, como por exemplo, a África do Sul. Em 2016, as exportações para os sul-africanos avançaram 46,97% enquanto as importações de pneus sul-africanos recuo 45,51% na mesma base de comparação.
O Brasil ampliou exportações para a Indonésia em 13,10% (com preço médio de US$ 117,11); para o Japão em 86,87% (preço médio de US$ 95,10), para a Tailândia em 69,24% (preço médio de US$ 183,11) e para a China em 18,23%, (preço médio de US$ 101,32 por pneu exportado).
Na contramão desse processo de ampliação de vendas, registra-se desempenhos negativos em mercados antes cativos dos pneus brasileiros, como recuos de 14,95% para a Bolívia, 14,10% Colômbia, 10,70% Peru, 22,01% Itália, 30,83% Uruguai e 20,04% Equador.
Nota explicativa: Todos os dados mencionados foram obtidos a partir de 28 NCMs (Nomenclaturas Comuns do Mercosul), envolvendo pneus de passeio, picapes, SUVs, de carga (caminhões e ônibus), agrícolas, industriais e da indústria de recapagem, junto ao MDIC. Os dados do setor automotivo fazem parte do quadro estatístico da Anfavea.