As negociações com contratos futuros de borracha natural realizadas na Tokyo Commodity Exchange (Tocom), em julho, se mantiveram entre a linha de resistência acima dos 210 ienes por quilograma, chegando a romper a casa de 250 ienes por quilograma ao longo da primeira quinzena do mês.
O mercado continua refém de diversos indicadores de desempenho, dentre eles as idas e vindas da economia europeia, os diletantismos da corrida eleitoral norte-americana e seus indicadores econômicos e financeiros sem sustentação objetiva e um quadro chinês que depende muito mais hoje da demanda de consumo interno do que externo.
A China padece do seguinte problema: a maior parte de sua cesta de ovos está depositada nos mercados da Europa e Estados Unidos e dado o caos europeu e uma economia norte-americana titubeante, a China perdeu a força de suas receitas de exportação.
Dessa forma, vem a importância que os agentes de mercado depositam nas ações do governo chinês, no sentido de incentivar o consumo interno, uma vez que o setor externo para a China hoje está bem complicado.
Essa equação ajuda a entender o aspecto letárgico dos preços futuros da borracha natural, na medida em que a China é o maior consumidor do insumo em todo o mundo. Com a China andando de lado, a demanda por essa commodity também fica de escanteio.
Outros fatores que ajudam a explicar o preço da borracha natural – já expresso em alguns balanços de empresas produtoras de pneus – é que a indústria de pneus em todo o mundo teve de reduzir a produção, como forma de ajustar sua demanda à demanda do setor automotivo, que em raríssimos mercados exibe boas vendas neste primeiro semestre do ano.
China comprando menos, indústria de pneus produzindo menos, são dois condicionantes que fazem com que os estoques de borracha cresçam e, consequentemente, os preços caiam.
Desde a última sexta-feira, 27, os agentes de mercado em Tóquio já começaram a negociar contratos de borracha natural para janeiro de 2013.
Os preços iniciais para janeiro de 2013 fecharam o dia em 235 ienes por quilograma, mas hoje, ainda em negociação, já exibiam recuo para 230,1, ienes por quilograma.
Todos os contratos, de agosto a janeiro cediam em Tóquio, próximo do encerramento dos negócios no pregão de 31 de julho, conforme pode ser verificado no gráfico.
Pelos resultados de balanço exibidos até o momento – MDF Tires, Titan International, Pirelli e Michelin – todas as empresas destacaram ter registrado menores impactos com os preços de insumos, principalmente de borracha natural.
No caso da Pirelli, a empresa anunciou recuo de 10 pontos percentuais nos preços ao longo do primeiro semestre, ante uma evolução de sete pontos percentuais nos preços da borracha sintética, por exemplo.
A percepção passada pelas empresas é a de que apostam que os preços da borracha natural devam permanecer no atual patamar, sendo que todas elas, sem exceção, apontam para substancial queda no impacto de custos com matérias-primas em suas grades de custos neste semestre.
A própria Pirelli destaca que esses custos pesaram em US$ 103,1 milhões no primeiro semestre, mas a empresa trabalha com um impacto altista de apenas U$ 6,06 milhões para este segundo semestre.