A Rússia é hoje um dos mercados automotivos e de pneus que polarizam as maiores atenções vindo o Brasil e a América Latina como uma segunda via interessante, porém, com as velhas ressalvas dos pesados impostos, dos juros escorchantes, da taxa de câmbio cambaleante e de pibinho em pibinho, sem o crescimento à lá Brastemp da China.
Em 2012 a Nokian Tires simplesmente triplicou as vendas no mercado russo e estima ampliar a produção de pneus locais em 50% neste ano. “O fraco desempenho econômico na Europa combinado ao elevado volume de estoques de pneus levou a uma queda dramática da demanda”, descreveu o presidente e CEO da Nokian, Kim Gran, durante apresentação do relatório anual da Nokian.
“Buscamos mudanças rápidas e decisivas no campo da produção e da redução de custos, apostando em maior parcela de vendas na Rússia, cujas vendas triplicaram. Aliás, a Nokian não apenas triplicou as vendas no dinâmico mercado russo como se transformou na empresa líder em pneus de inverno”, disse.
Pelo lado da Hankook não foi muito diferente. Pronunciamento oficial do presidente e CEO da empresa, Seung Hwa Suh, deixou claro que Rússia e América Latina lideraram a demanda por pneus UHP em 2012. Juntos, os dois mercados representaram expansão de vendas de 86,5% no ano passado.
“Para este ano um dos focos de concentração da companhia será a ação proativa nas economias emergentes onde o mercado automotivo mostra forte expansão como a Rússia e o Brasil”, disse Seung Hwa Suh.
Na verdade Rússia e Brasil atraem por vários motivos, entre eles a maturação de seus mercados automotivos e a ampla rede de estradas e logística baseada em caminhões – são dois países continentais. A essas questões soma-se o processo de descentralização dos negócios sobre mercados maduros como a Europa.
Em finanças, a gente diz que não se deve colocar todos os ovos em uma única cesta. O que o mundo corporativo (automotivo e de pneus, principalmente) está vendo é que a Europa quase quebrou com todos os ovos. Por isso, o olhar estratégico sobre outras economias, principalmente as que estão dentro dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), sem esquecer a África do Sul.
Dentro desse processo de descentralização vale citar a posição de investimentos maduros da Nokian, Continental, Pirelli e Michelin sobre a Rússia e sobre o Brasil.
No caso brasileiro o segmento agrícola – que deve ser o carro-chefe da economia entre 2013 e 2017 – já levou a mudanças de portfólio e lançamentos de novos produtos de parte da Bridgestone, Firestone, Pirelli, Titan e Trelleborg, por exemplo.