O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) entra hoje em sua última reunião de 2016 (e a 203ª desde sua criação) – com o objetivo de apontar o rumo da taxa básica de juros, a Selic – a ser divulgada na quarta-feira, dia 30 de novembro.
Na penúltima reunião do ano, realizada em outubro, o comitê decidiu pelo corte da taxa em 0,25 ponto percentual, reduzindo-a de 14,25% para 14% ao ano, em uma decisão que representou o primeiro corte da Selic em quatro anos – desde 2012.
E agora? O comitê vai endossar a trilha do reajuste para baixo do juro básico, acenando com um custo do dinheiro menor no curto e médio prazo? Como estão os indicadores micro e macroeconômicos (nacionais e internacionais), o contexto do câmbio e, principalmente dos preços na economia?
Mais do que manter a decisão de corte tomada em outubro, a continuidade de ajustes para baixo serve de orientador, de motivador, de aceno ao fim de um ciclo recorde de baixo desempenho do nível de atividade e um princípio de retomada em 2017 – ainda baixo, mas de retomada – acelerando-se a partir do segundo trimestre de 2017.
Os indicadores base mostram que a inflação caminha para a meta, a taxa de câmbio perde valor a olhos vistos e setores importantes da economia já exibem sinais (ainda muito incipientes, mas positivos) de aquecimento setorial, industrial, comercial e negocial – principalmente o agrícola e segmentos da indústria.
Olhando-se as projeções estimadas por analistas de mercado ouvidos pela autoridade monetária se percebe uma curva descendente de juros, com a mediana das projeções estimando um novo corte neste Copom de dezembro/16, de 0,25 ponto percentual – para uma Selic cedendo para o patamar de 13,75%; acelerando-se as margens de cortes a partir do primeiro Copom de 2017, em 0,5 ponto percentual, para uma taxa básica de 13,25% ao ano.
Convenhamos, a taxa ainda é salgada demais, inibidora de um custo do dinheiro plausível para pequenas, médias e grandes empresas que precisam de liquidez e capital de giro para não apenas sobreviver, mas para fazer a roda da economia girar, mas o quadro desenhado para os próximos 12 meses promete ser de recuo contínuo da Selic.
Todos os Copons de 2017 projetam recuos. Vamos a eles:
- Copom de janeiro: corte de 0,50 ponto percentual, para Selic em 13,25%;
- Copom de fevereiro: corte de 0,50 ponto percentual, para 12,75%;
- Copom de abril: corte de 0,50 ponto, para 12,25%;
- Copom de junho: corte de 0,50 ponto, para 11,75%;
- Copom de julho: corte de 0,50 ponto, para 11,25%;
- Copom de setembro: corte de 0,25 ponto, para 11,00%;
- Copom de outubro: corte de 0,25 ponto, para 10,75%, mantendo-se estável nesse patamar no Copom de dezembro do ano que vem.
Dentro da série histórica do Copom, os 10,75% estimados para daqui a 12 meses representariam uma volta a abril de 2014, quando a Selic iniciava um ciclo de alta de 0,25 ponto ante a taxa de fevereiro daquele ano, saltando de 10,50% para 10,75% ao ano. A Selic sobe de forma contínua desde março de 2013, quando era de apenas 7,25%, ou quase o dobro da taxa atual.
E as projeções do PIB?
O ritmo contínuo de queda da taxa básica se dará em um momento onde o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) tenderá à reversão das baixas atuais.
Os números projetados para o PIB por trimestre, em 2017, acenam com as seguintes estimativas de desempenho: Baixa de 0,52% no primeiro trimestre; expansão de 0,50% no segundo; alta de 1,40% no terceiro e alta de 2,00% no quarto trimestre.
Ou seja, a curva descendente de juros está posicionada – e é ela que vai referendar a transformação dessa projeção do PIB em realidade.
Qualquer problema no meio do caminho pode fazer a autoridade monetária estancar o processo, ou mesmo acelerá-lo.
Veja qual será o cronograma de reuniões do Copom em 2017:
- 21 e 22 de fevereiro
- 11 e 12 de abril
- 30 e 31 de maio
- 25 e 26 de julho
- 05 e 06 de setembro
- 24 e 25 de outubro
- 05 e 06 de dezembro