A briga tarifária e protecionista que envolve Estados Unidos e China já provoca uma série de dissabores nos preços de commodities internacionais, afetando, sobremaneira, a formação de preços e estoques especulativos mundo afora.
Um dos ativos mais sensíveis nesse sentido é a borracha natural.
Segundo balanço relativo ao primeiro trimestre de 2018, divulgado pela Associação de Países Produtores de Borracha Natural (ANRPC), a demanda pelo insumo saltou de 3,1 milhões de toneladas no primeiro trimestre de 2017 para 3,4 milhões no primeiro trimestre de 2018.
No mesmo período, a oferta dos produtores cresceu 3,3%, para 3,2 milhões de toneladas. Em tese haveria um déficit de 200 mil toneladas entre oferta e procura, e, portanto, os preços tenderiam a subir.
Errado: aqui, a sistemática da oferta e procura não está funcionando e entre as explicações da ANRPC e de analistas mundo afora deve-se às fortes flutuações de preços e expectativas exaltadas de empresas e investidores com a briga tarifária que envolve as duas maiores economias do mundo.
A tensão comercial já produziu efeitos negativos nos preços do minério de ferro, coque, carvão metalúrgico, laminados a quente, vidros, níquel, manganês e toda sorte de commodities usadas em processos de produção e formação de estoques de setores abrangidos, atingidos ou não, pela lista de produtos importados da China, pelos Estados Unidos, a serem taxados.
A China contabiliza impacto comercial superior a US$ 50 bilhões com essa questão e nessa brincadeira toda a borracha natural já caiu 7%, apontam agências de notícias da Ásia, ante 5% do minério de ferro e níquel, por exemplo.
Em informe ao mercado chinês o Ministério do Comércio da China faz uma observação importante: “os setores de borracha e pneus são sempre vulneráveis em relações de atrito comercial e a tensão entre Estados Unidos e China, provavelmente, aumentará e influenciará os produtores”, diz.
O Ministério chinês também ressalta que “empresas relevantes e especialistas do setor devem acompanhar de perto as últimas notícias sobre o comércio e se preparar para reagir aos desafios futuros”.
Uma das reações já observadas na China é que 11 empresas produtoras de pneus já elevaram seus preços entre 3% e 10% neste mês de abril.